A arte de fazer arte
"A arte de fazer Arte"
Levo fé na arte feita através da dor. Os grandes artistas foram aqueles que escreveram chorando, que souberam carregar um coração em pedaços e suportaram a descrença das pessoas. Eu escrevo melhor quando a inspiração some, e tenho que procurar em algum canto infinito da vida, aquele pedacinho de sopro onírico que me faltou no momento. Eu escrevo melhor quando choro, quando chacoalho meu coração e deixo meu mundo ao contrário. Eu escrevo melhor na solidão. Quando alguém me diz que não sou capaz, que meu sonho é coisa boba e não vale a pena, aí escrevo melhor. Não para provar ao mundo que, sim, eu posso fazer o que quiser, mas para provar a mim mesma o gostinho doce que é se superar a cada linha. Um escritor aprende a escrever com o medo, quase formando uma dupla inseparável, naquelas madrugadas de lua bonita e coração em chamas. Eu escrevo melhor nas páginas invisíveis do meu pensamento, talvez assim as palavras se escondam nas curvas das minhas ideias, repousando e descansando até que estejam totalmente modeladas. Mas acredite, os melhores textos são os inacabados, os sonetos mais bonitos são os que fogem da métrica perfeita, a melodia mais rara é aquela em que se esqueceu um acorde, entre um MI maior e um SOL. Há de se entender, um exímio escritor é aquele que erra uma palavra, mas volta e conserta. Por que não há escritor pronto, ninguém nasce "escritor". Escritor se forma. O que nasce é o dom, o talento. Basta que se regue com doses diárias de inspiração e o escritor brota. Ser escritor é ser poeta. É acreditar na beleza da vida e nas minúcias valiosas que a compõe. É aceitar que teu sonho será posto a prova todos dias, enquanto puder escrever. É admitir que o erro é o caminho da perfeição. E que somente outros escritores não irão chamar-te de louco. Basta um louco para entender outro. Vai perceber que a loucura é a forma mais sensata de viver, por que a realidade já é muito cruel e dura para privar-se de um pouco de poesia. Ainda assim levo fé na arte feita através da dor, por que o sofrimento é o combustível da inspiração