Pernoite

As letras saem mais leves do que a tinta da caneta consegue produzir

A tinta soa sobre o papel como uma pluma desce ao chão

Os sopros do vento ao redor não interferem na trajetória dos olhos

As ideias fogem, seguindo as lágrimas antes derramadas pelas mesmas ideias

O princípio, antes turbulento, deixa espaço para um desenvolvimento pacato

As ideias fogem, perseguindo a história que antes se via

O despreparo fora invadido pelo excesso de precaução

As ideia fogem, e a cena muda para algum lugar longe

Ou o mesmo de sempre, só que de outro ângulo, como saber?

As ideias que fugiam, foram-se, o refil se esgota, e a tinta seca dá lugar ao papel molhado

Manchado por um sentimento que já amadurece

A caneta, descansando sobre a mesa, acabou-se

E na gaveta, outras tantas imitavam-na

Dessa vez é de verdade.