Sou velho, não sou velho, estou velho


Sou velho, não sou velho, estou velho... O velho não é bom e nem ruim, horas foi bom, horas foi ruim, talvez bom para uns e ruim para outros, hoje o velho é somente passado, é somente história, é somente referência de aprendizado. O velho é apenas o velho, o que já foi, o que não mais é, podendo ainda ser, sem ser algo de novo, sendo o refluxo do que ainda persiste em ser, o reflexo do não quer deixar de ser, e o medo do que temos pavor de deixar vir a ser. O velho que não se transforma, que não se ajusta e não se adapta é passado vivo em presente morno. O velho entrava o novo, tira sua ousadia e interrompe a superação que somente o novo pode trazer. Não me refiro a idade, não me refiro a ninguém em especial, me refiro a realização do passado propriamente dito, é necessário que o velho se vá para que o novo chegue. Da mesma forma, o novo não é sinal de melhora em si, não é sinal de ser, por si só, melhor que qualquer outra coisa, o novo é somente o diferente, a transformação, mas somente o novo, e sua experimentação podem permitir novas adaptações e posteriores seleções, o ciclo do que ousa sempre mudar, prossegue pelo infinito presente que continuamente ousa se descortinar para o amanhã, mas que nunca deixa de ser presente.
 
Sou velho, não sou velho, estou velho... não serei nunca velho, se, enquanto a velhice chegar eu estiver sempre em constante transformação de mim mesmo, em constante superação do que posso deixar de ser pelo novo que possa vir a ser, pelo novo que não desperdiça o aprendizado do velho.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 22/06/2013
Código do texto: T4352714
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