Lacônica

Ela me disse, por fim, laconicamente.

“Foi mal”...

Era tudo o que tinha a me dizer depois do desaparecimento e do silêncio inquietante dos últimos dias.

Para onde foi o encanto do mês passado?

Boa pergunta... Mais uma para o meu rol de perguntas sem respostas.

Eu havia bebido por toda aquela noite e madrugada que se seguiu.

Cheguei em casa mal sabendo coordenar meus passos.

Ler aquilo, naquele estado, não me fez bem.

Imaginei as palavras fluindo de sua boca, e ao mesmo tempo, me veio à memória a mesma moça deitada em meu colo, numa sala escura, repetindo as falas de um personagem de desenho animado.

Sorrindo, sem preocupações.

Um abismo separava os dois pensamentos.

Maior do que o abismo que nos separava.

Fui dormir sem respostas... Acordei do mesmo jeito.

Inquieto e angustiado.

Cansado de tanta incerteza sobre as coisas, sobre a afeição daquela mulher em particular.

A mensagem era clara, mas só há pouco percebi o que realmente significava aquele silêncio,

e aquelas duas palavras finais.

Laconismo não prenuncia nada de bom.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 21/06/2013
Reeditado em 21/06/2013
Código do texto: T4352673
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