Lacônica
Ela me disse, por fim, laconicamente.
“Foi mal”...
Era tudo o que tinha a me dizer depois do desaparecimento e do silêncio inquietante dos últimos dias.
Para onde foi o encanto do mês passado?
Boa pergunta... Mais uma para o meu rol de perguntas sem respostas.
Eu havia bebido por toda aquela noite e madrugada que se seguiu.
Cheguei em casa mal sabendo coordenar meus passos.
Ler aquilo, naquele estado, não me fez bem.
Imaginei as palavras fluindo de sua boca, e ao mesmo tempo, me veio à memória a mesma moça deitada em meu colo, numa sala escura, repetindo as falas de um personagem de desenho animado.
Sorrindo, sem preocupações.
Um abismo separava os dois pensamentos.
Maior do que o abismo que nos separava.
Fui dormir sem respostas... Acordei do mesmo jeito.
Inquieto e angustiado.
Cansado de tanta incerteza sobre as coisas, sobre a afeição daquela mulher em particular.
A mensagem era clara, mas só há pouco percebi o que realmente significava aquele silêncio,
e aquelas duas palavras finais.
Laconismo não prenuncia nada de bom.