ORGULHO E PÂNICO

NA NOITE DE 21 DE JUNHO DE 2013

É possível conviverem na mesma alma o sentimento de orgulho, racional, lógico, legítimo, com o sentimento de pânico, irracional, pura angústia? Pois é assim que estou me sentindo, é com ambos que estou convivendo. Orgulho pelo povo brasileiro, ao qual pertenço, povo que acordou, povo nas ruas, que está mostrando o seu poder de ação e de reação, tornando evidentes a terrível crise de representação política no país, os desvios espantosos de rota, nos setores-chave da vida nacional - segurança, saúde, educação, etc. etc. etc (Claro, abominando-se os atos de violência dos vândalos de plantão). Por outro lado eu, em crise espantosa em todos os setores da minha vida pessoal, crise sem precedentes, espantosa crise que colocou todos os valores, presenças, segurança (...) em xeque, estou com medo, medo que me toma, medo muito irracional, por todos os lados e por dentro. Estou uma ilha de medos, principalmente porque tenho mãe que depende de mim e estou só, miseravelmente só e muitíssimo frágil, em todos os sentidos que se possa e não se possa imaginar da solidão e da fragilidade. Não consigo compreender, eu que sempre tentei agir direito, como foi possível chegar a esta solidão, a esta paralisia diante da vida, nesta vida que não me pertence mais, mas, que precisa prosseguir e se suportar, enquanto eu tiver mãe para cuidar. Situações reais, não subjetivas, circunstâncias que nunca julguei possíveis de existir. Agora, e quando ela, minha mãe, não estiver mais - espero que isso tarde - que o Pai e a Senhora tenham piedade de mim, que me deem discernimento, que mantenham minha vida, minha lucidez, o possível da minha saúde física e emocional, bem como rogo que mantenham, agora, a vida, a saúde física, mental e emocional de minha mãe. Amém.