Sou um eterno refém



Sou eterno refém de tudo que não fiz, sou um abandonado dos muitos que me fizeram ser o que sou e que me compõem, sou um perdido de mim mesmo na loucura real da irrealidade subjetiva que percebo, sou viúvo morto na morada introspectiva de todos que sou, sou enfim mutável e mutante, induzível e indutor, transformado e transformador, complexo e complicador, amado e amante, sou muito mais do que percebo ou do que de mim percebem, sou consciente e muito mais inconsciente, sou verdade e mentira sendo fruto fatal de um nada que fui e que emergiu naturalmente da complexidade neural de meu circuito cerebral, sou revoltado e revoltante, sou um ninguém que é tudo para mim, sou esponja e espelho, sou o que penso, o que sequer sei que penso e sou as ações, atitudes e comportamentos que com ou sem pragmatismo realizo. Sou assim humano, quase humano e horas desumano, mas sou aquele que busca ser um ser social na individualidade coletiva que me move e na qual estou imerso.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 20/06/2013
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