Relembrando o passado, lá em 2009...
 
“... só uma coisa me entristece, o beijo de amor que não roubei a jura secreta que não fiz...” (Jura Secreta – Sueli Costa/Abel Silva).
 
 
O beijo sacralizado....
 

     Não sou de sair do jogo assim. A frase “se dar por vencido” me incomoda. Mas também não fico “dando murro em ponta de faca” (geralmente sangra).
     Também não sou irresistível, sequer domino a arte da sedução. Apenas me exercito. Domino sim o fato de ser eu mesma, livre de máscaras ou disfarces. Intuitiva, que arrisca, porém nada de atirar-se ao precipício sem saber onde vai dar.
     Movi meus gestos, digamos minhas “pedras” em favor de um desejo. Parcelei infimamente meus sonhos de te ter, mas ao fim vejo, nenhuma parcela foi quitada.                Continuei a te querer bem, ainda que apartada pela parede que nos delimitou.
     Aí tu me dizes, “quando se gosta se pulam muros”, eu digo: venci cada muro desde o início, transpus muros meus e teus. Cheguei bem pertinho de ti. Quase alcancei teu coração.
     Não era onde eu queria estar, mas sei, escalei todas as montanhas que obstavam o chegar a ti.
     Das juras secretas? Não fiz. Mas do gostar revelado, declarado em gestos e palavras, desse não posso me arrepender. Eu fiz. Alegrei-me por te fazer saber de mim, da minha existência, e hoje, muito, muito, tu sabes.
     O beijo que quis? Não senti, nem tive, nem roubei, nem recebi, esse ficou velado, sacralizado em meus lábios, nas minhas secretas vontades, trancafiado junto a outros tantos desejos.
     Talvez tenha me entristecido um tanto, mas me faz saber, querer crer, o quanto é real a tua palavra para mim. Que te encontrar me fez vivenciar um inusitado gostar e um acréscimo de crescimento. O muro existencial erguido entre nós veio para que eu creia compreenda que desta feita é melhor permanecer deste lado. É seguro.
     Gostar, admirar, querer bem, tudo foi sentido, feito, revelado, portanto “nenhuma palavra me devora”. Todas, eu as partilhei contigo.
     Meu sentir é real e maduro, e deliro ao pensar naquilo que desejosa quis de ti, mas o não ter “não me alucina”. Guardo no quarto fértil do imaginar as cenas não vividas.
     Desenhei com acurado cuidado teus olhos, lábios, gravei teu rosto e expressões comigo.
 
     O sabor do beijo desta feita me faltou, mas não me diluiu a alegria. Gostar de ti é de todo muito bom. Com ou sem beijo.
     Vivi intensamente cada pequena partilha. Não terei qualquer arrependimento. Teus olhos não brilharam por mim, mas os meus quais pérolas no escuro ressaltaram-se e acenderam-se somente ao pensar nos teus.
     Portanto, nem cega nem infeliz.
     Eu inteira, não sou ou fui tua, mas pertenço completa ao meu doce sentir por ti.


 
 
Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 19/06/2013
Código do texto: T4349138
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.