PENSAMENTO

PENSAMENTO

Há quase 30 anos, ocorria o movimento chamado de "diretas já", que lutava pela implantação da democracia no país, através de eleição direta, para a presidência da república. Entre as diversas lideranças que encabeçavam o movimento, estavam Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva. Os militares que haviam sido chamados pela sociedade a assumir o poder em 1964, estavam desgastados e a sociedade instava-os a deixar o poder. Uma manifestação colossal ocorreu em abril de 1984 na Praça da Sé, reunindo 1.500.000 pessoas.

A primeira eleição direta ocorreu 6 anos após esse movimento e elegeu Fernando Collor de Mello. Em 1992 ocorreu o impeachment do presidente, sendo que houve grande manifestação, apelidada de movimento dos caras pintadas. Assume então Itamar Franco e sequencialmente, Fernando Henrique, Lula e agora Dilma Roussef. Nos últimos 20 anos nenhuma manifestação popular de porte ocorre no país. As manifestações de 1984 e 2002 tinham por trás, lideranças político partidárias, artistas, pessoas de projeção e a de 2002 contava com o fomento da maior rede de televisão do país. Portanto, todas as duas manifestações, tinham como pano de fundo, participação vital de pessoas e entidades representativas do país.

A adesão da população ocorria no primeiro caso, buscando a liberdade de expressão e no segundo no combate a corrupção e saneamento da economia.

Passaram-se quase 30 anos, o país cresceu, mas não como deveria. As promessas das lideranças da época e de hoje, não se concretizaram e a corrupção, a desfaçatez e a falta de um projeto para o país, que alicerçasse os sonhos de um novo porvir, frustraram a esperança de dias melhores. As lideranças que assumiram as rédeas, não investiram na base do crescimento da nação ( educação, saúde, justiça e segurança ), preocupando-se em encastelar-se no poder e desfrutar de suas benesses, favorecendo seus apaniguados e os pseudo defensores da liberdade e da democracia. Ao mesmo tempo, a corrupção espraiou-se como nunca e o empreender tornou-se um exercício de penitência.

Agora, surge um movimento desapadrinhado, e não há padrinhos a vista, porque todas as lideranças que surgiram no período chamado democrático, jogaram fora suas biografias, e diuturnamente tomaram atitudes e posturas que indicavam ser manipuladoras e desonestas. Não há no horizonte, qualquer liderança confiável, que possa negociar com a juventude, cansada de maus exemplos.

Assim, pela primeira vez no Brasil, ocorre um movimento que não tem por trás, alguma liderança conhecida ou reconhecida, partido político ou outra e qualquer entidade representativa, capitaneando-o.

É um novo mundo que se apresenta, que não tem precedentes, e que luta contra, principalmente, a falta de vergonha na condução dos interesses públicos, que há muito, vigora em nosso território.

Os manifestantes, quero crer, desejam passagem livre, mas não de ônibus ou trem, mas sim numa condução que os levem a uma terra, onde possam ter a esperança de vida digna.

Como chegar lá serão outros quinhentos e não R$0,20.

Que candidatem-se a interlocutores, probos e sérios que ainda restam, antes que a violência e a chamada baderna instalem-se, e tragam de volta soluções e períodos obscurantistas, ou ainda mais.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 19/06/2013
Reeditado em 20/06/2013
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