DIVÓRCIO
Então um dia você encontra em meia folha de papel de um caderno velho
A divisão do que chamam " bens em comum"
de um relacionamento que chegou ao fim.
Valores mínimos de coisas materiais,
peças usadas...
Valores sentimentais inestimáveis,
esquecidos na ponta de uma caneta.
A mente vaga e as lembranças teimam em voltar
As noites em claro, filhos doentes,
ele que demora a voltar,
As madrugadas solitárias, onde apenas o pensamento te fazia companhia.
As batalhas juntos para quitar
dividas do fim do mês
Dividiam-se lutas e conquistas...
Quantas vezes você se anulava
para que a paz fosse mantida?
Quantas brigas em que você era quem perdoava
Mesmo sendo mal compreendida?
O amor se esvaía
Sem alimento, sem paixão,
Uma terra seca, onde não se adubava o sentimento.
Um cotidiano de rotinas, sem sonhos, sem alegrias, sem vida, apenas frustações...
E chega um dia que o ponto final é colocado
E nada disto contabiliza...
Você olha pra trás e inevitavelmente lamenta o tempo perdido
A dedicação as escolhas errôneas,
E sente que não valeu a pena ter-se anulado.
Não valeu a penas sacrifícios, afeição e ternura
Seu valor é apenas de algumas tralhas,
Descritas a canela em meia folha de caderno velho.
Quanta ironia!
Agora acabou,
Não existe apreço ou amizade por anos de vida a dois
Os filhos que são elos inquebráveis agora não são mais colocados na balança da divisa.
Nada disto importa.
Agora são poucas as palavras...
Vá.
Cuide da sua vida.