O GAROTO QUE PEDIU PARA NÃO MORRER

A mão estendida é mais um pedido de clemência

Há horror nos olhos, medo, suspeita

Os dedos trêmulos não são gatilhos

Nem empunham o fuzil

O olhar distante se perdeu entre o ódio e a compaixão. Mas impõem medo.

Mais um pedido de socorro

Um homem-bomba na Palestina acarretaria menos pânico

A voz amarfanhada

A mão estendida, esquelética

Mais um infeliz solto: uma fera do outro lado da jaula

Apelos derradeiros na beira da estrada.

Do outro lado do vidro

O motorista afrontado com o terror do dia-a-dia

E garoto tartamudo, as palavras ausentes

Como é que se diz “amor”

Em meio ao temor,

Temor que se transforma em ódio

Não empunha uma pistola, nem um estilete

Apenas pede uma clemência, uma esmola

Pede apenas para não morrer de fome

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 18/06/2013
Código do texto: T4347200
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