O GAROTO QUE PEDIU PARA NÃO MORRER
A mão estendida é mais um pedido de clemência
Há horror nos olhos, medo, suspeita
Os dedos trêmulos não são gatilhos
Nem empunham o fuzil
O olhar distante se perdeu entre o ódio e a compaixão. Mas impõem medo.
Mais um pedido de socorro
Um homem-bomba na Palestina acarretaria menos pânico
A voz amarfanhada
A mão estendida, esquelética
Mais um infeliz solto: uma fera do outro lado da jaula
Apelos derradeiros na beira da estrada.
Do outro lado do vidro
O motorista afrontado com o terror do dia-a-dia
E garoto tartamudo, as palavras ausentes
Como é que se diz “amor”
Em meio ao temor,
Temor que se transforma em ódio
Não empunha uma pistola, nem um estilete
Apenas pede uma clemência, uma esmola
Pede apenas para não morrer de fome