Uma reflexão qualquer sobre a vida

Em noites frias, onde o vento cessa e o silêncio acolhe a noite, pergunto-me sobre meu lugar neste universo tão vasto de possibilidades infinitas. Um ser tão pequenino, limitado, tentando entender as maluquices deste oceano universal, onde sou apenas uma ínfima e quase inexistente partícula que compõe um todo.

Observo as estrelas que ofuscam a negridão do espaço, e fico a pensar em seus propósitos, queimando energia num clico eterno, suspensas pela gravidade em meio a imensidão de trevas que as engolem. Em seus núcleos toda a química da vida pulsa esperando que um colapso aconteça para que o mesmo se prolifere. Estou tão profundamente ligado ao universo que já não consigo mais deixar de pensar nele. A atomicidade das estrelas atraem meus átomos e nos ligamos atomicamente ao mistério de nossa existência. Como se um imã me atraísse para os caminhos do desconhecido. Fecho meu olhos e observo meu silêncio interior e fico a tentar entender quem realmente sou; vagando pelos labirintos da mente, mergulhado em si mesmo, percebo que a complexidade daquilo que sou é a mesma de tentar entender o universo. Isto me tira um sorriso tênue, pois percebo que me assemelho ao cosmo em seu mistério, pois também sou o próprio mistério da existência…

A vida revela-se através dos meus olhos, e a existência de tudo aquilo que há se concretiza pela observação de minha consciência, pois tudo me parece inexistente até o momento em que os percebo. Todo ser toma como saber os limites de seu próprio corpo e mente, e todo o mais é subjetivamente inexistente, pois a única certeza que tenho, é de mim mesmo. Pensar me leva a perceber minha condição miserável como ser limitado, por isso deixo de pensar e somente fico a observar esta vida que mais parece um sonho. Deito-me todas as noites para dormir e viajo por incontáveis mundos, todos tão reais quanto este em que vivo, mas basta despertar e tudo vai se desvanecendo lentamente, e só um borrão como de uma pintura malfeita, é o que sobra daquelas realidade oníricas em que jurava serem reais. Isso me faz questionar esta realidade em que vivo. Pergunto-me se após a morte não iremos simplesmente acordar com a sensação de ter vivido uma vida-longa, ou simplesmente lembraremos de fleches desta realidade, como se tudo não tivesse passado de um sonho, pois o sonho só é sonho depois de despertos…

Ultimamente não venho tendo mais teorias sobre a vida e seu surgimento, minha limitação como ser me faz crer que tudo que poderia ser possível já foi pensado. Então calo meus pensamentos e busco a fonte de minha existência antes que eu fosse sorteado para ser o espermatozoide escolhido. A hora exata, o momento exato, tudo decorrente das escolhas dos meus pais e de todos aqueles que passaram e influenciaram a vida deles, eu acabei nascendo das escolhas de todos os seres existente. Pois o ato de escolher explode numa gama de informações que se espalham por toda existência, afetando até mesmo os mais ínfimos seres; dizer sim a um instante, é dizer sim a toda existência…

Quanto mais penso nisso mais a vida me parece ser uma sombra; aquela sensação de que tudo não passa de um espectro daquilo que já aconteceu, e estamos apenas vivendo o mesmo filme que já acabou há muito. Somente depois que o presente deixa de ser presente para ser passado é que a vida, de forma estranhamente premeditada, revela-nos os fatos que se encaixam perfeitamente no roteiro da história, e fico com a intuição de que tudo já foi vivido, e isto nada mais é que uma sombra universal daquilo que já aconteceu…

Atento-me para a vida que passa por mim, como espectador da existência descubro o aparecer das minhas potências, nos programas da minha evolução; na certeza da minha eternidade, minha calma me assegura o espaço de firmeza de não ir com a correnteza das ilusões do fluir, sou a consciência presente se vendo evoluir.

Toda a infinidade de Deus e o universo nada seria sem uma consciência para percebê-los, ambos existem porque damos existência a eles, e através de nossos olhos, buscam a si mesmos pelas janelas de nossa alma. Somos os olhos do próprio universo que se observa de uma perspectiva que as estrelas não conseguiriam; e a evolução do universo é a evolução de nós mesmo, e o propósito desta jornada é encontrarmos a nós mesmo no final… O universo evoluí para buscar a si mesmo, pois este existe em nossos átomos, moléculas e células, mas é somente através de nossos olhos que este possui sua existência objetiva…

Somos o próprio universo. Vivemos no âmago do universo. Somos seus olhos. Estamos aqui para contemplar a magnifica criação de nós mesmos. Fomos sorteados para manter o curso da evolução, uma evolução que nos levará ao encontro de nós mesmos…

Estamos ligados biologicamente uns aos outros. Ligamos à terra quimicamente. Ligados às estrelas atomicamente. Todo o universo parece existir como uma única substância, esta que também existe em nós. Vivemos no universo e o universo vive em nós, descobrindo o que já somos, pelos olhos de Deus…

Nishi Joichiro
Enviado por Nishi Joichiro em 14/06/2013
Código do texto: T4342107
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