INVERSÃO DE VALORES
Acabei de ler recentemente a trilogia "50 tons de cinza" e me pego divagando a respeito.
Não posso negar que o conteúdo erótico da trilogia tem um apelo fortíssimo que, sou obrigada a reconhecer, me roubou muitas horas de sono.
No entanto e ainda que isso possa parecer absurdo para alguns, vejo que a trilogia trata menos de erotismo e mais, muito mais de cessão de controle.
Se excluirmos daí o sadomasoquismo, que reconheço não fazer parte da minha natureza, teremos aí uma relação de confiança absoluta.
O ato da entrega é inerente a nós mulheres ainda que o feminismo faça com que nos envergonhemos disso. Aliás, faz também com que esqueçamos nossa feminilidade, nossa doçura, nosso poder de sedução. Faz parecer que todas essas características nos tornariam fracas quando, na verdade, são elas que nos fazem fortes.
Por algumas poucas horas e somente por uma única vez em minha vida pude sentir o prazer da entrega, da cessão do controle e garanto que a sensação que isto proporciona é inigualável.
Assim como poucas de nós conseguem viver esta experiência, poucos são os parceiros que conseguem, através do tato, da voz, do olhar, nos transmitir a confiança necessária para tal entrega.
Para que tal aconteça é necessário, muito mais do que a entrega física a entrega da alma e ainda, antes disso, a conscientização de que somos diferentes e que é assim que deve ser.
Nada contra a independência, a liberdade, a competência, o profissionalismo. Gosto disso e muito mas, sem inversão de valores os relacionamentos seriam, sem sombra de dúvida, muito mais satisfatórios.