Misteriosa

Na estação de cara fechada por conta da tristeza de ter que partir cara fechada que se assemelha a mesma que faço quanto tenho raiva, conversava-se sobre quem poderia viajar sentado a meu lado naquele assento vago, dizia por brincadeira quem poderia e quem não. Entro no ônibus e olhando pela janela a vejo ir embora, caminhando sob passos curtos, passos de quem não queria sair dali, não desacompanhada, olho pro meu assento e vejo que os dois lugares estão vagos, nas poltronas de trás um casal (“exótico” como diria você).

Eis então que vejo que não partirei sozinho nessa viagem, eis que surge um alguém, os outros passageiros parecem não notá-la, porém, chamou minha atenção de forma estrondosa, vinha ela toda imponente, com ar decidido e um semblante assombroso e senta-se ao meu lado sem dizer nada. Pego meus fones de ouvidos e coloco a musica que faz lembrar-me de ti, enquanto escrevo algumas mensagens com destino a você a vejo inclinar-se ligeiramente a meu lado na tentativa de ler minhas mensagens, e como quem leu e não gostou volta e meia colocava-se a me acotovelar com um o cenho franzido, em total sinal de desgosto e ira.

Agora já sem ter como mandar mensagens de texto. Fingi o lugar estar ainda vago e procurei tentar descansar, porém, sempre que entrava em segundo estágio de meu NREM me vinha um esbarro, cutuco, barulho forte ou qualquer outro ato que me fazia despertar, um sorriso leve no canto da boca confessando que meus pensamentos estavam voltados aquela linda menina de pele macia e olhos grandes, parecia motivo para que a pessoa no assento ao meu lado emitisse algum sinal de descontentamento.

De repente o ônibus para – vinte minutos – grita o motorista, desci quase que sem pressa, cabisbaixo, decidi tomar algo e comer um tira-gosto qualquer, fiz meu pedido encostei- me mais ao lado no balcão por sentir a presença de mais alguém. Ao levantar meu olhar vagarosamente, a vi, toda imponente ao meu lado, disse então que eu parecia abatido, e que havia deixado algo de importante naquela cidade, sem entender se aquilo era uma tentativa de diálogo me pus a perguntar qual a graça daquela que iria me acompanhar então até minha casa, e ela respondeu: “Eu?, Eu me chamo Saudade!”.

Bruno Brito
Enviado por Bruno Brito em 11/06/2013
Código do texto: T4335297
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