Valores - um texto descompromissado e intuitivo

Hoje em dia os valores são flutuantes... relativos e vagos.

Hoje em dia, o que é valorizado?

Hoje em dia, cortam nossa cidade em pedaços.

Nosso chão, nossa terra, nosso lar, e vendem o nosso espaço para os que não tem nome. Aqueles poucos, que permanecem com a mão no bolso: nos nossos e nos deles, mas com objetivos diferentes em cada bolso que colocam a mão.

Hoje em dia os valores não são a preservação do nosso belo ambiente. Das nossas árvores, fonte de saberes, símbolo de experiência e serenidade. Do nosso verde, onde podemos descobrir nós mesmos. Do nosso céu... Dos nossos rios e mares. Do compartilhamento e convivência com nossos vizinhos.

Hoje em dia os valores são meros símbolos...

R$... Reconhece este? Hoje em dia, os valores são (ou estão) contados...

E aqueles que lutam por "antigos" valores são desvalorizados.

Aqueles que pensam em lutar são desmotivados.

Aqueles que nos roubam são encobertados...

E aqueles que deveriam nos proteger são comprados...

Ética, pra que?

Amor, pra que?

Diálogo, pra que?

E afinal: o que é o diálogo? (e o que é Ética?)

Até o diálogo foi comprado-vendido! Vendeu-se a imagem do diálogo, mas ele de fato não foi realizado, não é efetivo...

E são imagens de bem estar, qualidade de vida, lazer, amor, paz, alegria, felicidade, prazer, conforto e até de natureza - esta última, cada vez mais escassa, cada vez mais sufocada - que nós recebemos. Afinal, estamos na era do PARECER... E para parecermos (ser) algo, a IMAGEM é tudo.

Falando em imagem, somos bombardeados com imagens que nos vendem algo o tempo inteiro. Já percebeu? O tempo todo... Por toda a parte! O que nos vendem? Nos vendem produtos?

Não...

Nos vendem ideias. Sensações. Nos vendem o pensamento de que precisamos do produto, e que precisamos lutar nossas vidas inteiras, sermos sugados por um sistema que promete nos retornar todo o nosso esforço (de uma vida inteira) em felicidade. É a promessa de que iremos no fim da vida descansar, sentar no pátio da nossa bela casa e assistir tranquilamente um pôr-do-sol, tomando nosso chá predileto. É a promessa da paz de espírito. Mas para isso precisamos vender nosso tempo. Nossos melhores anos... momentos que poderíamos passar trabalhando em prol da coletividade, em prol do mundo, das pessoas, de uma forma justa, compartilhada e sem nada que valorizasse (leia-se: dar um preço a) nossas ações e contribuições para a sociedade...

Mas, enquanto vendem a ideia de que precisamos estar dentro desse sistema doentio - que nada nos retorna a não ser doenças, stress, depressão, negatividades, poluição, barulho, zoeira e insatisfação - também nos enfiam na cabeça a imagem de que precisamos cada vez mais sermos individualistas, egoístas, pessimistas, medrosos, acovardados, conformados... Que o mundo não presta, que não somos uma festa, que não somos capazes de mudar nosso planeta, que somos impotentes frente a realidade - realidade essa, imutável (como se algo fosse imutável nesse mundo!...). É isso que a comunicação para a massa fala. Essa a mensagem que nos passa, sobre nosso vizinho, sobre nós mesmos, sobre qualquer um e sobre todos. E é isso que a maioria acredita...

Neste zeitgeist em que estamos, os artistas sabem - com suas antenas (https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/533406_133338813519260_23687312_n.jpg) - que algo está no ar... Os filósofos também sabem... Os mais sensíveis sabem... Os mais atentos também sabem, mesmo que não saibam como dizer:

Embora passem constantemente a imagem de que tudo está lindo, tudo está organizado como deveria ser... Por dentro, há um caos. Um caos muito maior do que podemos imaginar, enquanto permanecermos cercados em nossos lares. Um caos que necessita de uma nova organização. Talvez uma organização que venha do centro do caos, que venha daquilo que o mercado vende como o próprio caos. E, se for... Por que não? Afinal, se é quem está dentro que mais sofre? E se é o sofrimento o verdeiro professor da vida? E, como dizem os sábios, se é mudando a si mesmo que mudamos o mundo? Então qual o problema se do caos vier a (re)organização?

Nesse mar de reflexões, sensações, impressões-percepções, vale a pena se questionar:

"Afinal...Para o que eu estou dando valor?"

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