Doce sofrimento
Só tenho a borda do refugio
A porção maior é toda desamparo.
A noite cai abraçando escuridão
Precipícios me acolhem em seus braços
E me dão o doce cansaço.
Trocam bem por malefícios
E dizem não valer os sacrifícios.
As culpas são sempre minhas
E o cansaço é presente meu!
Onde estão milícias celestes
Os anjos com brancas vestes
O que tanto me fizeram acreditar
Que estavam aliadas a mim?
Como é dose o sofrimento
E terrível esse contentamento.
O prazer é tão ofensivo
Pecaminoso... desprezível.
Então nos apoiamos na inocência
De assumir toda acusação.
Dar a nós mesmos o peso da imensidão
Parece nos elevar até a salvação.
É fácil burlar alegria
Enaltecer melancolia.
Mas quem foi que disse que ser feliz é difícil
Penoso é conseguir viver sem coitadismo
A alegria é solta... abre portas.
É aterrorizante o que liberta
Então preferimos a cômoda prisão
Que a benfazeja libertação.
Isso tudo parece tão louco
Mas todos tem...
Mesmo que seja um pouco.