"Quem se indaga é incompleto"
"Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo a toa. Se tivesse a tolice de perguntar "quem sou eu?", cairia estatelada e em cheio no chão. É que "quem sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto". (Clarice Lispector. A hora da estrela).
"Quem se indaga é incompleto". Essa afirmação mexe comigo, pois como ficar inteiro sem se indagar, sem buscar um diálogo conosco?
Até acredito que haja um grau (mínimo) de felicidade em permanecer na ignorância, pois se ignoro não tenho porque me preocupar, contudo uma total alienação de si, ao estilo macabéico é a meu ver preocupante.
Quem não se questiona jamais será inteiro, visto que desconhecerá suas potencialidades. Ao mesmo tempo quem se questiona jamais será inteiro, pois esse ato viciante é infinito e pode muitas vezes nos levar a nos perdermos em meio a tantos questionamentos.
Como então sermos inteiros?! Existe inteireza do ser?! É saudável sermos inteiros?!
Talvez reconhecer nossa incompletude, nosso inacabamento, seja um caminho melhor, seja um ponto de equilíbrio entre o que se pensa que é e o que se busca ser.
"Ser" sugere a construção de livro poético infinito, onde figuram vários personagens, vários espaços e vários tempos. Erros ortográficos não são tão levados em conta, mas erros de interpretação frequentes podem ser perigosos. Logicamente haverá alguns erros de interpretação em alguns momentos, mas muitos gerarão um texto, uma poesia incompreensível, inacabada, incompleta.