Sinal de desumanidade


Se ao fechar os olhos nos vemos correndo com, e como, os “lobos” humanoides, perdidos de nós mesmos, sendo guiados por inválidos humanos, então já é passado, em muito, a hora de repararmos que a luz negra do desumano e do irracional já acendeu. O que nos cabe então? Tomar as rédeas do nosso viver e nos revoltar com o que vemos de nós mesmos e do mundo que nos cerca. Mas, e se não conseguirmos ver nossas falhas? Neste caso, creio não haver mais volta, somente a nossa própria leitura do irresponsável que somos, do desumano que nos tornamos ou do conivente que aprendemos a ser, pode nos dar o empuxo necessário para nos tirar da inércia humana, ou melhor, da inércia desumana.

Quando em plena luz da realização de nosso viver não mais conseguimos ouvir o desespero dos excluídos e abandonados, quando não mais percebemos a perseguição preconceituosa que impomos a irmãos simplesmente porque não professam nossa fé, ou não corroboram com nossas crenças, ou não concordam com nossas preferências sexuais, ou quando acreditamos que diferenças raciais existem (apesar de sermos uma única raça), ou quando acreditamos que as diferenças tornam irmãos piores do que nós ou perigosos a nossa estabilidade, nos tornamos cada vez mais desumanos e nos esquecemos que a força de uma sociedade está exatamente na multiplicidade, na variedade e nas diferenças, exatamente como a diversidade e variabilidade genética nos protege e permite melhores adaptações à mudanças no jogo da biodiversidade e das dificuldades climáticas, acabamos por nos perder, e estamos assim fadados a cada vez mais ver nossa humanidade se esvaindo pelos ralos de nossos interesses e de nossos preconceitos, e nos colocamos na beira do total caos humano e social.
 
PS: Desculpo-me com os lobos verdadeiros que são coerentes com eles mesmos e com a alcateia que compõem.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 02/06/2013
Código do texto: T4322181
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