Cega visão
Cega visão
Seguem os humanos e suas tão falíveis definições e rótulos
Criando mamulengos meramente obedientes as regras
pré estabelecidas de uma sociedade obviamente doente
Claros me são equívocos...
raras me são, certezas
nulas me são, jaulas
contudo e ainda assim
sobrevoo-me com o afinco dos loucos!
Sobreponho-me
com a frequência do ar que me invade
os alvéolos e as meras tenacidades
e quando os repentes me devoram
apenas sorrio o riso da Gioconda
Rasgo minimamente e com desdém
qualquer dedo que me aponte em brasa
e depois asso meu riso e tua incompreensão
num fogaréu alegre de espetos fartos
Pois de mim, o pouco que sei
é maior que qualquer visão de olhos outros
Enquanto a lua brincar de vai e vem com o sol
sou-me o tudo que ainda posso descobrir
e além disso só este bailar de dias imprecisos
Uma aceitação de pisar em nuvens
é o que me faz abrir os olhos e uma fome de duvida
me alimenta com mel e cravo de índia...
Acendo incensos e assim, perfumo meus pensamentos
nada sérios...creia! pensar apenas me desperta
e após o despertar sou-me apenas sonho
Entre a clareza que meu sorriso desfila e descreve
ha curvas, declives, aclives de uma alma meramente normal
com toda a inquietação que tão falso rótulo
só desenlaça em copo translucido d'agua turva...
Portanto, é isso
Um pouco do que pensas saber
em certezas que ainda não tenho.
Márcia Poesia de Sá - 01.06.2013