O espaço da tristeza na ditadura da alegria

Você se permite ser triste?Iniciar tal explanação com um questionamento tão paradoxal parece incompreensível.Porém, temos o direito a viver a tristeza - como condição transitória, e não como estado permanente.

Ao folhear uma revista com cobertura social, deparamo-nos com inúmeros sorrisos branquíssimos, contextos maravilhosos, cenas bonitas, paisagens estonteantes, brindes borbulhantes - felicidades fotográficas.Nas redes social, milhões de pessoas compartilham os seus dias inesquecíveis, cercados de experiências agradáveis e felizes, em uma exposição de alegrias pululantes.Ora ou outra, nos deparamos com uma família perfeita: integrantes lindos, inteligentes, bem-sucedidos, e criamos um forte sentimento de anormalidade.Viver a tristeza e a introspecção, nestes mundos idealizados, parece um atentado contra o prazer.

A vida tem tristeza, e a felicidade também.A indústria da alegria constante é uma utopia, uma grande invenção do vazio da era moderna, onde o que conta, mais que o sentir, é o aparentar, expôr e gozar ficcionalmente.Ser feliz não é sinônimo de êxtase, trepidação, euforia: é serenidade, simplicidade, singeleza.A alegria real pode estar em uma casinha rústica, em uma conversa recheada de cumplicidade entre um casal de meia-idade, e não em uma iate no Caribe transportando jovens musculosos tomando champagne - esta comparação, aparentemente poética, traduz o abismo entre o vazio e a satisfação verdadeira.

Desafie-se a não impôr-se a alegria e encarar os momentos de tristeza como integrantes do processo da felicidade.Não seja influenciado pela embriaguez contemporânea.Seja alegre quando sentir que deve, mas não represe a tristeza: experimente a beleza de sentir cada emoção.

Giuliane Lorenzon
Enviado por Giuliane Lorenzon em 28/05/2013
Reeditado em 28/05/2013
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