Invejoso, eu?

Da constante comparação com o outro, do sentimento de inferioridade e da insatisfação interna, nasce a inveja, que cria um efeito desagregador que desmantela laços sociais e cria neuroses: pequenos detalhes ganham importância, fatos corriqueiros são distorcidos, pontos positivos são negativados.

A felicidade do invejado pesa aos olhos de outrem: é insuportável perceber a alegria do objeto invejado.Quando o bem do outro nos machuca e nos incapacita para as conquistas, este sentimento se torna maléfico, um tumor interno derivado das feridas abertas provocadas pelo falso sentimento de insignificância.

O invejoso é escravo da inércia, alimenta a pequenez.Seu escopo vital é centralizado no outro, e a constante fiscalização do processo alheio é torturante e rodeada de observações amargas, frutos da alma torpe.

Todos estamos propícios para a manifestação do sentimento da inveja.Para o invejoso, o talento e os méritos alheios são incômodos, pois é o que lhe falta - não por incompetência, e sim por falta de desenvolvimento de potencialidades particulares.O filósofo Nietzsche foi um ser melancólico e que assumia a sua áurea invejosa, denominando-se, segundo suas próprias palávras, ''fraco'', ''um inseto que altera a sua coloração para se parecer com a paisagem'' - em síntese, o falso afã de encontrar-se à cópia de outrem.

Em menor ou maior grande, todos somos portadores da inveja: é um espião inimigo alojado em nosso ser, estrategicamente posicionado, absorvendo energias valiosas.Desafie-se repelir este sentimento: o espetáculo provocado por ele, ao invés de atingir o invejado, oxida as entranhas do invejoso.

Giuliane Lorenzon
Enviado por Giuliane Lorenzon em 28/05/2013
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