Então eu decidi ser forte.
Uma vez a vida me derrubou. Mas eu não cai. Eu desmoronei. Desmoronei de uma barreira intransponível que eu construi ao passar dos anos. Eu caí la de cima e foi uma queda feia e dolorosa. Eu era jovem e não sabia o que fazer para me levantar. Então eu fiquei caída por muito tempo. Nesse tempo que eu estava no chão, senti coisas demais. Coisas inimagináveis por alguns, principalmente por uma menina de apenas 15 anos, que estava começando a ver o que realmente era a vida. Eu cheguei em um ponto em que eu achava que nada, simplismente nada fazia mais sentido. As coisas que antes eu achava graça, perderam o humor. Não tinha mais vontade de fazer mais nada. Nada tinha mais valor. E foi ai que eu senti. Senti como se um buraco tivesse sido aberto bem no meu peito e tivesse atravessado pro outro lado. Eu sentia como se todas as coisas que faziam sentido e eram satisfatórias tivessem caído nesse buraco. Todas as coisas que aconteciam comigo, por menor que fosse o problema, parecia que era o fim do mundo. Parecia uma dor interminável. Um mínimo problema e eu me desesperava. Eu perambulava pelos corredores largos, vazios e gelados da minha casa chegando a pensar várias vezes que minha vida não tinha mais o porque de existir. Era inútil viver do jeito que eu estava vivendo afinal. Pra que? Foi uma fase ruim... Horrível de pensar. E foi ai que eu consegui: Foi nesse momento que uma coisa me ajudou e também me libertou: a música. Sim, ela que é um remédio, não somente som, vocal e acorde. Foi nesse momento que eu escutei a música da minha vida: Close to the edge - 30 Seconds to Mars. Você pode achar que isso é besteira, mas não é. Pra mim foi de extrema importância. Eu encontrei na música o que eu procurava, força, esperança.
Depois de passar muito tempo assim, rebelde, revoltada com tudo e todos, sensível, chorosa, mal, eu consegui o que eu queria. Depois de muita, muita, muita luta eu consegui arrancar do meu buraco uma coisa: força. Talvez no final do meu vazio ela estivesse escondida, pronta para sair mas só esperando uma motivação. Eu tive que cavar fundo, - mais fundo do que já era, para achar força, esperança e positivismo e foi nesse momento que a música caminhou junto comigo. Ela me dizia "Eu nunca vou esquecer. Eu nunca vou me arrepender. Eu vou viver a minha vida". Eu estava mais perto do limite. O limite da redenção. Eu ia ficar bem.
Agora você deve se perguntar: "E Deus nessa história?". Pois é, Deus ... No momento da minha interminável dor eu não procurei Deus, pois eu também me revoltei com ele, mas eu sei que a sua intervenção também foi o ponto chave para a minha cura mesmo que eu não tivesse pedido sua ajuda.
Hoje eu estou aqui. O sofrimento passou, mas como todas as causas tem suas consequências, eu infelizmente fiquei com sequelas. No momento da minha terrível revolta, eu me prometi que não sentiria mais nada, nada mesmo, nem dor, nem alegria, nem amor, nada. Sentimentos demais nos fazem sofrer. Hoje eu me considero uma pessoa fria. Tudo o que eu mais queria na época hoje eu consegui. Mas eu não reclamo. A dor que eu sentia não chega nem perto do que eu sou hoje. Consegui ser forte, a palavra que eu repetia para mim mesma todos os dias ao som do 30STM. Hoje eu estou bem e feliz. A fase ruim passou. Hoje eu sorrio (até demais), brinco, falo besteira e problemas e coisas ruins que ouço passam desapercebidos por mim. Eu enfim consegui! Agora eu só tenho a agradeçer. A Deus por me ajudar no momento em que eu não o procurei e até hoje. E agradço a música, pois eu falo e repito: não seria nada sem ela. Literalmente.
E hoje eu não caio mais. Hoje eu sou mais alta que o Empire State!