Estrelas Cadentes

"Naquele momento, tudo se encaixou. Não sei exatamente como, mas tudo simplesmente entrou no lugar. Nós não sabíamos de nada, não éramos ninguém, não tínhamos nada. Éramos apenas um grupo de jovens perdidos, assustados e abandonados. Invisíveis. Mudos. O mundo em que vivíamos era sujo, distorcido e injusto. Estávamos enfrentando o fim dos tempos, sem ajuda, sem esperanças ou perspectiva de um futuro melhor. Verdade seja dita, não tínhamos nem passado, nem presente, nem futuro. Nós não tínhamos sequer a certeza de existir.

O mais engraçado é que, naquele momento, nada disso importava. Não importava se aquele era o fim do mundo, ou se tudo tinha caído ao nosso redor. Não importava que não tivéssemos para onde ir ou para onde voltar. Não importava que todas as luzes do mundo tinham se apagado, nem que o céu estivesse caindo. Não importava que todos rissem de nós porque resistíamos, mesmo quando não havia nada por que lutar.

Não importava nem quando não havia mais ninguém para rir.

Nada disso fazia diferença. Porque, nesse momento, eu olhei para o céu, e pensei em tudo que já tínhamos vivido, e em como sentiria falta de tudo, e em como nosso mundo tinha sua própria beleza. Lágrimas rolaram pelo meu rosto. Nada disso fazia diferença, porque eu não sabia se era real ou um sonho. Acho que a minha vida toda foi assim. Nada disso fazia diferença. Porque, quando eu olhei para cima, eu vi as estrelas - as únicas luzes acesas no mundo. Nada disso fazia diferença... Porque, naquele momento, eu olhei para o céu. E as estrelas começaram a cair."