Pêndulo
No final estamos todos sozinhos, ninguém está realmente preocupado com você. O mundo nos ensina a seguir padrões, a obedecer as regras, a seguir a fila e a abaixar a cabeça para tudo e para todos. Somos condicionados a fazer coisas por aparência, nada mais. Pura hipocrisia, ninguém está realmente se importando com o que você pensa, ou o que faz, ou quem você é.
No meu mundo sou feliz. Num mundo inventado, em que coloco vírgulas e pontos onde eu bem entender. Onde invento gente que me entende e que me faz bem. Mas no meu mundo real: eu não sou feliz.
Sigo arrastando meus dias como se respirar fosse apenas uma mera obrigação. Talvez pelo simples fato de não ter coragem suficiente para parar o relógio. Sigo buscado sonhos distantes e tão irreais, como se um dia fossem se realizar num passe de mágica. Tenho um enorme medo de passar a vida inteira atrás de algo que nunca me pertenceu, que não estava no meu destino, e descobrir que perdi a vida enquanto sonhava acordada por algo que nunca seria meu.
Tenho medo de correr e não sair do lugar. Medo de vomitar minhas palavras como se fossem coisas irrisórias, versos pobres e ideias idiotas. Tenho medo das pessoas e do que elas são capazes de fazer para ruir seu castelo encantado. O mundo me assusta, ainda mais do que a solidão.
Eu não quero enlouquecer antes do tempo. Eu quero ter o prazer de despejar o que sou autenticamente, sem desvios, sem intervenções, apenas ser quem sou. Eu quero parar o tempo na hora exata e quero ter feito algo bom antes disso. Algo de que me orgulhe e que me deixe em paz.
Mas no final ainda estaremos sozinhos.