MORTE
Nos dias de hoje, frente a uma situação deplorável de uma pequena parcela da humanidade, levanto uma questão: o que pensar sobre a morte, o que pensar deste momento tão temido por todos?
O homem, no decorrer de sua existência, se esquiva o máximo que pode de pensar, falar, comentar sobre a morte. Ela é, e sempre será, acompanhada por um misticismo e por um fetichismo falso, que foi criado pelo próprio homem no decorrer de sua existência.
É interessante notar que quem define a morte como sendo um esqueleto com uma foice nas mãos é simplesmente quem está vivo, e não quem já passou pela experiência da morte. Acredita-se que nenhum daqueles que morreu tenha voltado para contar como é a morte, e como é estar morto. Não me proponho dar uma nova feição à morte, mas ver e analisar como o homem reage diante desta. Quer ele falando ou não, pensando ou não, ela virá de qualquer forma, sem marcar dia ou horário. Independente da maneira como virá, o homem tem uma certeza, a certeza de que vai morrer.
Ao pensar na morte o homem deve se propor a refletir sobre ela, mas isso não acontece, pois é mais cômodo deixá-la de lado.
Quando o homem pensa na morte? Quando está doente e percebe que a doença está lhe tolhendo as forças, então é aí que pensa em se transformar, e chega até a pensar em Deus, muitos brigam com Deus, outros se aproximam mais, outros, ainda, se aproximam pela primeira vez. A sociedade e o homem são contraditórios, pois fogem de falar, de pensar na morte, mas convivem com ela no dia-a-dia, e acima de tudo, a promovem todos os dias.
Existem culturas e religiões que cultuam e festejam a morte, e choram com o nascimento, querem seus mortos perto, enquanto que a maioria a quer (a morte) bem longe.
A morte é um mistério, e somente vamos conseguir decifrá-la quando passarmos por ela. Ficar com palavrórios sobre o que não se conhece, sobre o que nunca se passou, não leva a nada.
Conclui-se que o homem tem medo da morte, medo do novo, medo de deixar seus planos e projetos. Tem medo da morte e do morrer.
Queira Deus que o homem venha a perceber o mistério da morte e assim não mais temê-la, quando não mais a promover. No dia em que compreender que fazer uma reflexão sobre a morte é fazer uma reflexão sobre sua própria vida, deixará de temê-la, assim como a presa teme o predador.
Morte. Realidade que só será compreendida quando passarmos por ela.