Deixe estar

Onde anda o amor sobre o qual você vive a gritar e gritar de volta para mim? Seja sutil, pelo menos. Dois universos disputando espaço em nossas cabeças, e isso faz a minha querer ir aos ares. É como navegar sem um porto seguro, ou aquele segundo em que o marinheiro observa sua âncora se perder, forçando-o a navegar a toda e qualquer sorte.

Muito admira, até a quem já se fez cliente desse varejo de palavras mal ditas, mesmo que sua justificativa exista de sua cabeça pra dentro. Sua janela se faz turva, e felicidade no quintal que ela parece querer mostrar não parece passar de uma brincadeira de muito mal gosto.

O disparo no escuro ficou guardado na memória, sem ter um caminho de saída, me obrigando a abrir espaço para que uma e mais outra vez eu pudesse fazer de teu sorriso meu lar sem explicar a leveza que carrega a luz que os seus olhos exalam sem ter nem dever.

Desesperar-se é rendição ao comum. Deixar-se ferir com gosto é ousadia. Andar sem rumo para fazer valer o que sonhos nos ensinam, sejam eles nossos ou roubados, é viver por inteiro o blues que me trouxe até aqui.

Jean Michel
Enviado por Jean Michel em 23/05/2013
Código do texto: T4304836
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