Deixe estar
Onde anda o amor sobre o qual você vive a gritar e gritar de volta para mim? Seja sutil, pelo menos. Dois universos disputando espaço em nossas cabeças, e isso faz a minha querer ir aos ares. É como navegar sem um porto seguro, ou aquele segundo em que o marinheiro observa sua âncora se perder, forçando-o a navegar a toda e qualquer sorte.
Muito admira, até a quem já se fez cliente desse varejo de palavras mal ditas, mesmo que sua justificativa exista de sua cabeça pra dentro. Sua janela se faz turva, e felicidade no quintal que ela parece querer mostrar não parece passar de uma brincadeira de muito mal gosto.
O disparo no escuro ficou guardado na memória, sem ter um caminho de saída, me obrigando a abrir espaço para que uma e mais outra vez eu pudesse fazer de teu sorriso meu lar sem explicar a leveza que carrega a luz que os seus olhos exalam sem ter nem dever.
Desesperar-se é rendição ao comum. Deixar-se ferir com gosto é ousadia. Andar sem rumo para fazer valer o que sonhos nos ensinam, sejam eles nossos ou roubados, é viver por inteiro o blues que me trouxe até aqui.