Cheiro da minha Infância

Na correria da minha manhã...

Senti um cheiro que há muito não sentia

Cheiro de merenda, de massinha

De giz de cera e de cantina...

Fechei os olhos e por um instante

Lembrei do varal da arte, dos crachás

E dos trabalhos na estante.

Sorri sozinho, sem saber o porquê do que me lembrei,

Vi meus dentes no espelho

Lembrei do paninho vermelho

Sujo com sangue do dente que eu arranquei...

Feliz eu era com aquela janelinha

Era Deus e criava com massinha

Fazia pic-nic ali no pátio da escola

E no recreio brigava e jogava bola.

Era rico e não sabia

Riqueza contada em figurinha

Que no bolso com zíper eu guardava

Riqueza bagunçada

Mas que me fazia a alegria

Nas tardes de frio e chuva,

A Tia sempre contava historinhas

Viajei da Raposa e as uvas

Até Cigarra e a Formiguinha

Desenhei nuvens azuis e presentes pro Papai Noel

Brinquei de Lego e a minha imaginação foi a companheira

Fiz da minha mão pincel

E ainda não cansei das brincadeiras

Se eu pudesse voltar, até esse passado distante

Parava o tempo e voltava, pra esse ponto por um instante

Trocava o terno pelo uniforme com lista do lado

Trocava a inocência por esse mundo regrado

Voltaria a ser criança que não importava o que eu falasse

E que só acabaria quando o sinal tocasse.

Angelo Moraes

Angelo Moraes
Enviado por Angelo Moraes em 29/03/2007
Código do texto: T430131