QUANTO VALE um SONHO?

QUEM DE NÓS, em são juízo, entraria em um táxi qualquer numa grande metrópole e pediria ao motorista que desse voltas contínuas no mesmo quarteirão até que, por fim, o combustível do veículo acabasse? Além de inútil, isso poderia sair caro, muito caro ao passageiro.

Pois é, esta comparação simples ilustra o que tem ocorrido com muitos entre nós que - ao ser ‘lançados’ vida adentro - não descobrem o verdadeiro motivo de estarem aqui. Viver a vida sem indagar, questionar e perscrutar por seus motivos subjacentes é como entrar num táxi e não saber para onde ir.

Existir sem um sólido objetivo é como dar sucessivas voltas pelo entorno da vida sem, contudo, chegar a um exato destino. Uma paradinha aqui, outra acolá durante o percurso. Um breve aceno, uma porção de palavras trocadas com alguns apressados transeuntes que furtivamente cruzam-lhe o caminho, mas apenas isso e nada mais... O confuso passageiro perdido continua do mesmo jeito que entrou no veículo, ou seja, duvidoso, sem rumo e ansioso para chegar a um lugar que ele mesmo nem conhece.

Lamentavelmente, muitos têm encerrado seus dias sob o solo da existência sem jamais entender o que aqui vieram fazer. Esgota-se o combustível vital sem que compreendam a razão fundamental...

Descobrir o sublime motivo da vida acontecer, o que realmente move o coração a bater, é desvendar o maior mistério deste universo. Ao longo dos anos de crescimento e desenvolvimento, aprendemos muito sobre COMO a vida acontece, seus processos físico-químico-biológicos. Mas pouco aprendemos a respeito de POR QUE acontece. Era isso que os grandes pensadores da antiguidade mais desejavam entender. Eles perseguiam esta resposta mais do que um apaixonado por seu par, mais do que um faminto por sua deleitosa saciedade.

Os tempos mudaram, é verdade. A tecnologia avançou. A modernidade se instalou. No entanto, somos fundamentalmente os mesmos seres carentes por entender o objetivo de abrirmos os olhos. O que realmente estamos fazendo aqui? Para que fim viemos? Para onde vamos depois? O que se espera que façamos? Estas são algumas das principais questões que se nos apresentam a cada alvorecer do Sol. Desvenda-las, ou não, pode ser a diferença entre se realizar plenamente como ser humano, ou não.

Muitos estão distraídos demais com as trivialidades do cotidiano para pensar com profundidade em temas existenciais. Este é um dos motivos de tantos sentirem-se vazios de sentido, embora cheios de bens ou títulos. O caminho para a profunda descoberta não é curto. Também não há atalhos. Percorrê-lo exige determinação, sinceridade e disposição para enfrentar os próprios receios e estabelecer contato com o plano maior, o espiritual.

Empreender esta ‘viagem’ rumo a compreender o objetivo de existirmos é o que eleva o padrão de vida, tornando-nos como seguros ‘peregrinos’ que apesar de ainda não terem chegado ao seu definitivo destino, sabem muito bem para onde estão indo... e conhecem exatamente o "endereço" que procuram... E isso faz uma enorme diferença, como faz!

Quando ressalto a necessidade de desenvolver espiritualidade, não me refiro à restrita religiosidade. A experiência mostra que a religião, em si mesma, não é um veículo suficientemente capaz de nos levar, ou nos elevar, na direção do divino. Às vezes, ocorre o oposto. A verdadeira espiritualidade capaz de elevar o espírito e refrigerar a alma é pautada num sadio relacionamento com o Criador, não na prática cega e sensacionalista da incauta devoção.

E o que dizer do líder dos sonhos? A cartilha do líder ideal contém diversas aptidões, sendo a principal, a nobre qualidade da humildade. É fato curioso que a origem desta palavra esteja diretamente ligada a "terra", "solo". Assim como um fértil solo é condição primordial para que a semente se desenvolva e produza suculentos frutos, da mesma forma, quem é humilde é também receptivo ao aprendizado, está sempre disposto a ouvir e ampliar seu entendimento. O líder que não é humilde fica estagnado, deixa de crescer ou produzir. É um belíssimo paradoxo que a grandeza do mestre esconde-se na pequenez de agir como um eterno aprendiz na diária escola da vida.

O excelente líder não é aquele que produz servos passivos, mas sim aquele que motiva seus liderados, fazendo deles ativos participantes no processo de liderança. O líder comum manda. O líder excelente cativa e encanta. O líder comum sobe no palco sozinho e exige aplausos dos seus liderados. O líder excelente compartilha o pódio da conquista e divide a notoriedade do sucesso. O líder comum (e destes o mundo atual já está saturado) oprime e reprime os liderados quando fracassam. O líder excelente compartilha do fracasso, chora junto e aprende junto de sua equipe as amargas lágrimas da derrota, tornando-as pedagógicas ferramentas de ‘irrigação’.

O líder comum apresenta-se como um super-homem, infalível e sobre-humano. O líder excelente mostra-se sem quaisquer máscaras sociais e faz questão de que o vejam como ele verdadeiramente é, ou seja, um simples humano que na tentativa de acertar, erra e fracassa, mas que em momento algum desiste. E por falar em desistir, esta sempre foi premissa chave para o legítimo sucesso. Jamais devemos abandonar os sonhos, pois fazer isso seria como sepultar a vida dentro de nós mesmos.

Os sonhos, tanto os noturnos como os diurnos, acontecem num maravilhoso processo espontâneo e criativo. Se os sonhos não desistem de se apresentar a nós, tampouco deveríamos desistir de recebê-los como ‘eternos hóspedes’ na residência de nossa mente, muitíssimo bem vindos e apreciados.

Seria melhor que os tratássemos como estimados ‘aliados’ que nos empurram e nos alicerçam; que nos animam e nos inspiram. Como 'amigos' que diariamente nos lembram de que embora não seja fácil, a vida ainda é um espetáculo precioso e único que, portanto, merece a nossa mais autêntica e dedicada atuação...