Insônia

Suas noites insones eram acompanhadas por muitos pensamentos. Ela gostava do dia, pois se sentia liberta. O anoitecer a trazia uma leve sensação de incapacidade, proibição. Por conta disto, como não conseguia adormecer, passava suas madrugadas em seu quarto escuro e sujo.

Enquanto todos dormiam noutros cômodos da casa, ela tinha pensamentos confusos e vontades absurdas, mas nada podia fazer além de aguardar ansiosamente pelo amanhecer. Não era simples esperar tanto tempo, muitas vezes, tinha que buscar inovações para conseguir passar a noite sem enfado algum. Quando ele, o amanhecer, surgia, ela abria a janela de seu quarto e revelava um breve sorriso de alívio, estava liberta!

O canto dos passarinhos era o melhor que ela poderia ouvir por aquelas bandas, nada se igualava a isto, sentia-se feliz e tranquila.

Mil e um desejos surgiam junto a uma imensa vontade de realizar suas tarefas cotidianas. Seus familiares desocupavam a casa conforme o dia ia seguindo. Por fim, ela, que aguardou tanto o nascer do sol, desanimou, como uma flor que já não é regada há tempos. De repente, suas idéias somem, suas vontades fogem, e o que era alegria tornou-se desânimo, e isto a perseguia durante todos os dias...