HERÓIS, JESUS E OS RICOS

Há um jargão que diz mais ou menos "pobre da nação que precisa de heróis". Um amigo outro dia contestou - e eu concordei -, dizendo que o que nos falta são justamente heróis. E parece que é isso mesmo. Precisamos de heróis que nos inspirem, como o fizeram Gandhi, Luther King e tantos outros. Sempre há alguém inspirador, ainda que meio escondido. Mas esse é um problema, pois heróis tradicionais não vivem escondidos. Pois bem. Um Herói. Não exatamente um santo, mas alguém que nos passe confiança, otimismo e conhecimento, com novas perspectivas. O nosso modelo maior, nosso herói primordial, Jesus, lançou, há dois mil e poucos anos, as bases de uma sociedade comunista, mas as pessoas parecem não terem entendido a mensagem. Apóstolos fizeram sua parte pregando isso. Vemos algo inspirador no livro de Atos, no capítulo 4, versículos 32 a 35, onde se diz que todos os bens da igreja primitiva (igreja não num sentido de templo, mas algo bem maior) eram repartidos entre seus membros (uma multidão), oferecendo um modelo para o mundo: um modelo comunista. O exemplo da partilha irrestrita de bens. Hoje, um capitalista burguês explorador tem a coragem de declarar-se cristão por que vai ao culto ou à missa, dá esmolas, "gera empregos" e paga em dia um salário mínimo aos seus empregados (é claro que ele pagaria menos se o pudesse fazer). Vai passar férias de verão Havaí, enquanto seus empregados - aqueles que produzem a sua riqueza - passam todo o verão vendo TV sob um telhado de amianto. Qualquer leitor médio da Bíblia sabe o quanto Jesus pregou contra a riqueza. Quanta similaridade há entre a mensagem de Cristo e a de Karl Marx. Eu e Leonardo Boff compartilhamos dessa ideia.