QUISERA PODER CHORAR

NA MADRUGADA DE 10 DE MAIO DE 2013

Quisera poder – e conseguir – no teu colo (coisa impraticável) chorar, chorar, chorar... Chorar feito uma criança em desespero... por tudo o que ela, criança, nunca foi... por tudo o que eu nunca fui... por tudo o que eu julguei ter sido... por tudo o que eu não soube nem tive coragem de fazer por mim... pelo universo de coisas que não compreendo nem jamais poderei compreender em cada um dos campos todos da existência... pelos meus todos autoenganos muito mais do que espantosos... muito mais do que...

Chorar até o fim dos tempos, até o fim dos tempos que têm vivido o tempo todo, há séculos, a chorar, a gritar, em total impotência, dentro de mim... Chorar... chorar... chorar... no teu colo impossível.

Seja qual seja a verdade que jamais poderei conhecer urge ativar, desde o mais recôndito do ser, toda a capacidade possível de perdão e de auto perdão... Já nada, nada, nada urge mais do que isso se pretendo, mesmo, não enlouquecer de verdade... se pretendo, realmente, continuar a viver, senão mais por mim, viver por ti, minha mãe.

Tudo o que sei é que se eu conseguir, de verdade, ser capaz de perdão e de auto perdão é que fui e sou, mesmo, uma pessoa capaz de amar. E se fui e sou, mesmo, uma pessoa capaz de amar, ao menos algo do vivido não terá sido em vão. Ao menos alguma pequena coisa de todas as coisas vividas não terá sido totalmente em vão.

E, acima de tudo, acima de tudo mesmo, crer que toda esta vida e tudo o que nela tem ocorrido, assim como todos os encontros e inacreditáveis mais do que inacreditáveis desencontros não tenham sido MERO FRUTO DO ACASO, MAS, PEREGRINAÇÕES NECESSÁRIAS PARA VIDAS QUE EM ALGUM TEMPO HAVERÃO DE ALCANÇAR RESGATE, PARA ALÉM DESTE DANTESCO TEATRO DO ABSURDO EM QUE PARECEM CONDENADAS A REPRESENTAR ATÉ O FIM. PARECE, APENAS: NÃO HAVERÁ DE SER SEMPRE ASSIM. HAVERÁ DE VIR, AINDA, UM TEMPO NASCIDO DO PERDÃO E DO AUTOPERDÃO, UM TEMPO DE DESVELAMENTO, DE VERDADEIRA RESSURREIÇÃO. QUE ASSIM SEJA! QUE ASSIM VENHA A SER! PARA TODOS E PARA CADA UM DE NÓS.

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