ENCONTRO MARCADO...
Eu já não moro mais em mim e nem sei que horas são.
Os ouvidos atentos já não enxergam um palmo adiante e eu
sigo por entre retalhos de memória e minha quase nada audição.
DEscanço minhas lamúrias no banco de uma praça repleta
de lugares vazios, uma bela fonte luminosa de água cristalina,
bailando ao som de uma antiga sonata de Beethoven.
Sinto que não moro mais em mim. Me recordo de uma
sonata como trilha sonora de alguma infância perdida. A minha?
Talvez. Já não pertenço e nem preencho esse ou aquele espaço.
OLho minhas mãos. São pequenas. São morenas.
inquietas e roidas. Passeio os olhos em mim e vejo meus cabelos.
Eu ainda gosto dos meus cabelos, mesmo sabendo que já não
são tão meus. Sinto que já não moro mais em mim. Talvez eu tenha
ficado presa à árvore da minha infância, como no dia em que me agarrei em um de seus galhos por medo de cair. Só agora, me dou
conta disso.
Tenho me procurado tanto dentro de uma canção; em um
filho; em velhas fotografias; quem sabe dentro de livro velho; na
desordem de um quartinho; nos jardins do vizinho; nos olhos
arregalados da menina que passa e nessa mulher inerte no banco
de uma praça, contabilizando a vida, ao som de uma sonata de
Beethoven.
A noite vem chegando trazendo sua graça e seu cheiro.
Dona lua gorda ce branca, surgi timidamente por detras do monte.
Me levanto. Me despeço. S eco os olhos. Calço os pés. Arregaço
as mangas e sigo adiante, sem saber pra onde.
Aninha viola