Oh! Distância Ingrata
E chegamos ao patamar que todos os relacionamentos não querem chegar, seja no término ou não. A distância. Chegamos de uma forma inusitada, para mim, inesperada, totalmente fora de foco e arrogantemente surpresa. Não sei como chegamos até então, muito menos o porque. Só me existem indagações, fugas de pensamentos que não saem do lugar. Vem à tona ene coisas que passamos juntos. Do que fizemos, deixamos de fazer. Da alegria, do choro, do prazer, do aprendizado. Mas por que chegamos até aqui? É, não me perguntem porque seria hipocrisia da minha parte se dissesse que sei.
Nosso amor se fortalecia a cada dia, nossa interação um com o outro era inigualável, aprendíamos tanto um com o outro que por vezes até pensava – Porque aprender lá fora se eu já tenho tudo aqui dentro, na minha frente, dormindo comigo ao lado na cama? -. Nossos dias eram dúbios em diversas vezes, mas isso não nos impedia de nos amarmos inesgotavelmente. Posso não falar por nós dois, mas pelo menos da minha parte tenho certeza de que era assim. Eu o amava, ainda o amo, tendo qualquer tipo de defeito insuportável, a intensidade que meu peito guardava e guarda o sentimento que tinha por ele era algo quase que um efeito psicótico, que por vezes me deixou mesmo na neurose, no medo, na dúvida, no desespero. Quantas vezes não chorei desesperada buscando saber até onde eu aguentaria tanto amor, e porque ao mesmo tempo sofria com isso. Ah como foi maravilhoso esses meses com ele, as experiências que vivi com o mesmo não se comparam a nenhuma outra em toda a minha vida, e olhe que tenho só vinte e um anos. Mas me refiro até então.
Constantemente eu pensava sobre essa distância, sobre quando nos separarmos, quando o sentimento acabar, mas era como se ficassem só nos pensamentos mesmo, como se eu não acreditasse fielmente que aquilo um dia poderia acontecer. Passava tempos e tempos o fitando, em silêncio para não demonstrar nenhuma emoção ou para ser imperceptível mesmo, o que é do meu feitio. Procurava só o observar, não para procurar algum defeito, que é claro que ele os tinha, mas isso pouco me importava, mas era mesmo para amá-lo baixinho, em silêncio, à minha maneira. Onde só eu sabia de onde vinha e para onde ia. Era tão maravilhoso! Esplendido! Era quase um míssil passando de meu olhar para ele, todo o ele.
Tínhamos rotinas diferentes, ele sempre acordava mais cedo que eu, acordando-me entre beijos, carinhos, tão suaves que me entrelaçavam da maneira mais deslumbrante. Eu me acordava e via aqueles olhos arrebatadores me amando brilhantemente entre o espaço que nos rodeava. Era tão mágico que não queria que piscássemos nunca, para termos eternamente aquele momento de amor e de amar sem dizer sequer uma palavra. À noite era minha vez, ele dormia mais cedo e eu sempre ficava acordada até tarde, não tinha sono, ou ia ler ou escrever, que na maioria das vezes era sobre ele e para ele. Ficava eu ali, do lado direito da cama, vendo calmamente e sem pressa alguma aquele corpo todo enrolado, aquele cabelo bagunçado e aqueles olhos intensos de um sono totalmente profundo, onde poderia derrubar todas as paredes, que ele intacto ficaria. Era lindo, eu poder me declarar no silêncio da noite, e ter só seus ouvidos para escutar, sem precisar que ele me olhasse e perguntasse àquelas indagações que por vezes me deixavam desconfortável. Dizer que o amava e saber que por mesmo pesado que fosse o sono, aquilo entraria por aqueles ouvidos e cravaria em seu peito. Eu o amava tão divinamente, e ainda o amo. Alisava aquele rosto macio entrando em seus cabelos, ajeitando aquela bagunça. Nunca me cansava de o fitar. Era como se aquilo fosse minha energia, que se eu parasse de olhar por algum momento ficaria fraca e perderia toda a minha inspiração. Porque é dali meu caro, que vem tudo que escrevo. De um belo rapaz, que tem todas as características de um anjo, que tem luz, inspiração, amor e um ar divino que só se vendo, porque explicação não há.
Chegamos então a triste distância, todo esse mar de rosas que descrevi, ficam hoje só nas lembranças, no mais fundo lugar do meu peito e do meu consciente. Lembro diariamente de nossa vivência, de nossa intimidade e de nosso aprendizado como casal. Isso me deixa por vezes sem rumo, totalmente sem respostas e cabes baixo sem saber por onde devo seguir, se aquele tão almejado ser que me colocava pra cima não está mais comigo. Só que ai é onde me engano, e fico a mercê de meus próprios conceitos perante esse jogo. Ele não está de corpo presente, e também não está à milhas de distância, mas sabe... ele ainda está comigo, minha tristeza foi ter perdido o contato físico que tanto era meu combustível para combater os males que me assolavam. Mas ele está comigo, mesmo com essa distância ele permanece em mim de formas inexplicáveis, sinto fluir nosso amor entre meu corpo, meu peito acelera quando me vem pensamentos de nós dois. Mas porque a vida teve tanta inveja de nós? Porque todos que nos rodeavam faziam tanto rumores de nossa felicidade? Mesmo com a nitidez de nosso entrelaço, não vejo porque tanto negatividade para conosco. E me pego em lágrimas, porque é ruim, porque me deixa ruim, mas me pego feliz, porque apesar dessa distância, nós vemos o quanto somos fortes e o quanto nosso amor derrota barreiras para sermos a cada dia um do outro de maneira profunda e esplendidamente verdadeira.
Nunca duvidei que há males que vem para o bem, não quero dizer que o meu príncipe é um deles. Mas que apesar dessa meticulosa situação, a força que adquirimos para não deixar o que mais almejamos morrer é inesgotável, e eu irei além do meu limite para que esse mar de rosas que mudou minha vida vire um oceano de coisas extremamente esperadas e positivas. Pois o que Deus juntou, nada nesse mundo há de separar! Apesar da distância.