O dia no bar
Sentado naquele bar cercado por muitas personalidades diferentes, sinto que em todo o rosto encontro um ar de semelhança, o olhar distante, procurando um abraço, um afago no animo desgostoso. Muitos copos são virados, bebidos fervorosamente, como se aquele momento fosse a única certeza que estava a passar. Os planos se desfizeram naqueles instantes, cada vida vivia plenamente o hoje, como se nada pudesse frear aqueles festivos momentos em grupo. A interação é magnífica, destrói impiedosamente qualquer infortúnio de um dia mal vivido. Os excessos rompem com a estabilidade, é o ato rebelde institucionalizado, vendido para aqueles que procuram uma causa para lutar, que não sabem mais para onde fugir, mas que acreditam nas fugas vendidas para suas tristes existências. Seus sonhos juvenis caem por terra a medida que a velhice lhes presenteia com a desilusão. Esta, para muitos dos sujeitos, é a certeza plena, o único horizonte plausível.