Ah... o amor...

E mais uma vez, como tantas outras em minha vida, me ponho a refletir e tentar escrever sobre o amor. E, impressionantemente, em cada uma dessas vezes escrevi coisas completamente diferentes.

Quando mais nova, pensava no amor como algo que fosse fazer de mim a pessoa mais feliz e realizada do mundo; como se fosse a solução de todos os meus problemas e medos. Era como se um amor correspondido fosse a cura para qualquer tristeza, lágrima, dor.

Depois passei por uma fase de frustração total com o amoroso. Ele seria algo que sempre me faria sofrer, me decepcionaria e, no final das contas, o amor sempre iria acabar um dia, sendo esse término doloroso demais, deixando cicatrizes por todo corpo e alma. Meu foco do amoroso passou a ser apenas o término e as feridas que o acompanhariam.

Hoje entendo o amor como algo que vai se construindo aos pouquinhos, fere aqui, acerta ali e assim as arestas vão se ajustando pelo diálogo, para que ambos possam se sentir cada vez mais satisfeitos com a relação. Assim, deixei de vê-lo como um "mar de rosas" onde tudo é perfeito, até porque, se isso fosse possível, acho que seria bem chato, tudo sempre bom demais acaba caindo na "mesmice" , na rotina, e fica faltando aquele friozinho na barriga, aquele medo de perder que nos faz investir e dedicar mais a cada dia. O Lulu Santos inclusive já mencionou de forma maravilhosa essa necessidade do ruim para se conhecer o bom quando cantou por exemplo:

"Não existiria som

Se não houvesse o silêncio

Não haveria luz

Se não fosse a escuridão

A vida é mesmo assim,

Dia e noite, não e sim..."

(Certas Coisas - Lulu Santos)

Então, hoje vejo o amor como algo que reconhece que há defeitos, há erros e ainda assim se ama e se deseja estar junto.

Aquele que ama é aquele que te olha nos olhos te admirando; é aquele que sabe ver seus erros e te mostrá-los da melhor forma possível para seu crescimento; é aquele que se interessa em saber sobre o seu dia, mesmo que ele tenha sido totalmente sem novidades ou emoções; é aquele que vai te decepcionar e te deixar para baixo às vezes, mas que depois vai te pedir desculpas e se reconciliar de tal forma que você realmente se sinta especial e amada (o erro cometido foi bom para te mostrar que quem esta do seu lado é real e não fruto da sua idealização - todo ser humano erra! -); é aquele que te respeita e reconhece seus espaços e momentos; te incentiva a correr atras de seus objetivos, mas além de incentivar se mantém a postos ao seu lado; é aquele que adora te ligar ou te encontrar para compartilhar as alegrias e tristezas e que também adora quando você o faz. Principalmente, aquele que ama é aquele que reconhece que o tempo de convívio leva a rotina e desgastes e que com o tempo aquele excesso de novidades do início passa, mas ainda assim ele permanece ao seu lado por um único motivo: ele te ama! e sabe que tudo é uma questão de fase e ainda deseja e sabe que terá muitas emoções para viver ao seu lado.

Como falei o tempo todo é aquele que está ao seu lado e não dentro de você, respeitando com isso as individualidades de cada um, sem que seja um amor simbiótico e doentio.

Se já encontrei ou não esse amor ainda não sei, mas também acho que nunca saberei e como já disse é justamente essa ausência de certeza que incita a dedicação e o investimento, essenciais para a manutenção do amor.

Daqui a alguns anos, quem sabe terei novas concepções sobre esse sentimento tão difícil de ser postos em palavras....

Renata Cunha
Enviado por Renata Cunha em 06/05/2013
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T4277689
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