Uma bela encenação (A liberdade de imprensa)

José Maria Marin, advogado, político, dirigente esportivo, e atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol , e do Comitê que vai organizar a Copa do Mundo recebe sem se saber o porque o cargo máximo da organização. No dia de sua posse, Marin agradece Teixeira e o cita como exemplo, e alega estar herdando uma belíssima administração. Alguns dos setores mais democráticos da mídia prontamente e abertamente iniciam uma campanha contra Marin, desejando incisivamente a renúncia do atual presidente como resolução dos problemas pontuais do futebol brasileiro. É como se a renúncia pudesse resgatar a dignidade perdida do futebol, nos colocando novamente nos trilhos.

O deputado e ex jogador Romário e Ivo Herzog (filho do jornalista Vladimir Herzog assassinado na época da ditadura) iniciam uma campanha contra Marin em função do vazamento de duas gravações em que Marin pede providências contra o jornalismo da TV Cultura, fato que posteriormente culminou com a morte de Vladimir Herzog. O problema da leitura dos fatos não é o posicionamento diante de um fato polêmico, mas a falta de polêmica para assuntos relevantes para a coletividade como um todo. O homicídio em si não seria o fato primordial da histeria da mídia, mas sim perder a sua capacidade de “liberdade” diante dos fatos elencados por ela como importantes. De fato a liberdade da mídia é suposta com ressalvas, já que a crítica total por parte de acontecimentos realmente importantes do ponto de vista social passam desapercebidas. Um exemplo, a invasão estadunidense no Iraque e as supostas armas de destruição em massa nunca foram comprovadas, e as alegações pífias dadas pelos grandes representantes da mídia nacional e internacional geram dúvidas diante da exposição real dos fatos. Um outro fato incomodo é o alto custo dos Estádios da Copa do Mundo no Brasil, e a troca de favores entre dirigentes para o pagamento de propinas e outras benesses, desviando verbas públicas que poderiam ser direcionadas para setores da saúde e educação. No entanto não existe nenhuma movimentação e incitação por parte desta mesma mídia para o cancelamento da Copa, para um motim popular que vise cancelar a Copa, para que estas verbas voltem em benefícios populares. Pelo contrário, existe uma apologia a favor e que se “culpe” os “culpados”, punindo então os transgressores da "moral e dos bons costumes".

Podemos revelar o mistério da mídia de massas da sociedade capitalista, argumentar até o limite inconcebível do infinito diante de fatos privados, artísticos e esportivos, mas reter suas alegações nos fatos contraditórios da realidade vivida pelo povo (fatos que ensejem a mudanças radicais do modo de vida). A omissão de certas realidades, a preocupação tola com outras nos encaminha para um mundo de tolices documentadas e priorizadas, uma delas é o futebol e suas transações milionárias. O papel portanto da mídia visa sustentar o seu próprio vício, a apologia infinita ao mercado e aos ditos bons costumes do consumo moderno. A ela só lhe é reservada desabafar quando uma das regras ditas por ela é “violada”, ou quando os ares assombrosos do passado puxam bonitas cadeiras para se sentar.

Dudu de Souza
Enviado por Dudu de Souza em 06/05/2013
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