São Nossos
Aquela flor junto ao muro,
O pássaro pousado no galho
Que voa livre, quando bem quer,
A paz, o amor, o sonho
Da vida o mister,
Não são meus nem seus,
São Nossos!
O céu imenso estendido
Por sobre as cabeças humanas
Também se estende, generoso
Sobre todas as outras cabeças!
O mundo,
Tal qual ele é
Ou como o tornamos
Através da nossa fome desmedida,
O mundo que subdividimos
Em fétidos feudos
Que são 'dele', 'teu 'e 'meu,'
É nosso!
A paz que eu tanto desejo
E a paz que tu almejas,
Os sonhos que acalentamos
E aqueles que matamos
Através de nossas pelejas,
Não são meus, nem teus,
São nossos!
Sob a terra, os nossos ossos
Um dia, irão estar...
E o espírito já livre,
Viajará
Para um outro lugar,
Onde 'meu' e 'teu' não moram,
Onde encontraremos, enfim,
Apenas o que é nosso.
Imagem: Ana Bailune