Morrendo

Se eu morresse amanhã,

Seria eu tão melancólica quanto Álvares de Azevedo?

Ou tão racional quanto Byron?

Mas eu não morrerei amanhã,

Morrerei hoje, agora, neste segundo

Morrerei de novo daqui uns instantes

Caminharei morrendo por longos dias e longas noites de verão

Extasiado, devastado, inundado por uma frieza qualquer.

Dias estranhos me seguem,

Seres desconhecidos caminham ao meu lado

Sentem minha dor, riem dela, cospem nela

Maltratam o que ainda me resta

O que ainda me interessa.

Não tenho pressa, suportei tudo isto até hoje

Posso suportar até amanhã

Assim, morrer esperando minha triste irmã fechar meus olhos,

E que minha mãe morra de saudade e de culpa.