Da Liberdade de Expressão
Um dos últimos assuntos que tem ganhado destaque nos últimos dias é: a questão do direito de liberdade de manifestação de pensamento. Que este assunto é um dos direitos fundamentais, garantidos na Constituição, não se discute, porém, quando se olha para essa Lei e se começa a discutir sua eficácia, a história muda de conversa. Que a CF/88 garante o direito de manifestação de pensamento, é fato e não se nega, contudo na prática, pode-se perceber que em alguns casos (diria muitos), o ato de se manifestar faz com que a pessoa que está a exercer tal direito seja menos-prezada e até mesmo prejudicada, pela sociedade que lhe cerca. A questão é que, na época em que vivemos o senso crítico, é mínimo, a vontade de pensar quase nula, e a capacidade de argumentar extingui-se dia a dia, portanto, torna-se mais viável aceitar o quê a massa estabelece como certo, correto e bom, ao invés de parar e pensar sobre os princípios estabelecidos.
Talvez, isso aconteça devido à “censura” que se sofre às escondidas quando se expõe uma ideia divergente da “estabelecida como perfeita” pelos grupos manipuladores e detentores do poder.
Ora, sejamos sinceros, a bem da verdade, é importante que se diga que, o povo, (ao menos em sua maioria), não possui argumentos suficientes para construir um pensamente capaz de se opor àquilo que é aceito pela maioria e proposto pela mídia e, com isso, é mais cômodo aceitar e calar-se, a fim de se permanecer com a lei da boa vizinhança”. O problema é que, com isso em mente, temos novas gerações totalmente absortas por aquilo que lhes é proposto, sem ao menos questionar se tais parâmetros condizem com aquilo que eles acreditam e entendem como ideal.
Lamentável, sem dúvida, contudo, acredito que para se mudar tal posicionamento, apenas um milagre... que a lei existe, ninguém discute, agora se tal lei está sendo eficaz ao ponto de incomodar aqueles que manipulam a opinião da massa? Já é outra história...
“Não tem nada a ver”;
“Credo! Você não concorda com isso? Preconceito de sua parte, não acha?”;
“Hoje em dia? Isso é normal! Cada um faz o que quer e ninguém tem nada a ver com isso”.
Hoje, tais frases são mais do quê normais em conversas, e-mails, redes sociais, etc. A massa domina de forma visível a opinião da minoria (ou seria o contrário?), sinceramente, não sei, porém, de algo tenho certeza: Alguém está manipulando alguém, e essa manipulação tem sido de forma tão sutil que, por mais absurdo que pareça, não se admite mais opiniões divergentes.
Irônico. O povo lutou durante anos para poder se expressar, manifestar o pensamento sem represálias do governo, expor a opinião sem temer uma possível perseguição e, depois que o governo dá esse direito ao povo (ou o próprio povo se apossa deste direito), a própria sociedade, agora “livre”, impõe um julgo sobre seus semelhantes. Pelo que vemos, hoje, não é mais o governo quem determina o que é ou não correto e, sim um grupo que de alguma forma detém as formas de influenciar o pensamento da sociedade, que determina como se deve pensar, como se deve agir, falar, escrever e até vestir. O que é ou não aceito, o que pode ou não. Os princípios? Que se “explodam”, parâmetros e ideias de conduta moral não importam mais, se eu digo que o verde a partir de hoje será chamado de azul, assim será! E, o que faremos com o antigo azul? Não sei, joguem ele fora, está fora de moda, não se enquadra no pensamento estabelecido pelo grupo “Vamos chamar o verde de azul, de hoje em diante”...
Como diria o ilustre Sheakspeare, seria cômico se não fosse trágico.
Perceba, não estou defendendo uma rebeldia em massa, que vai contra tudo e todos que estabelecem ou são estabelecidos, até porque, a situação seria inversa apenas dos lados, mas o problema de manipulação continuaria existindo. Refiro-me ao respeito que se deve ter ao direito do outro de manifestar sua opinião, desde que, tal opinião não atinja o outro em sua dignidade, moral, caráter, vida íntima, etc.
Em pleno séc. XXI, ano de 2013, estamos vivendo uma ditadura, talvez a mais forte de todos os tempos: A ditadura do politicamente correto. Não se espante meu caro, tal ditadura não virá armada até os dentes, com armas, metralhadoras, ou torturas físicas, para que você a obedeça. Porém, devo lhe recomendar que não se iluda, ao pensar que essa Ditadura seria mais amena e branda do que a já vivida por nossos antepassados, pelo contrário, talvez ela seja tão ou mais cruel do quê a anterior, pois ao invés de torturá-lo fisicamente, a fim de que você concorde com seus princípios estabelecidos, ou ainda, lhe ameaçar de morte, ou seus familiares, para que você não se oponha a ela, tal ditadura virá com astúcia e perspicácia, atuando na mente daqueles que ela pretende dominar. Um comercial hoje, uma novela amanhã, um desenho bobo para seus filhos assistirem e, pronto! Ela acaba de arrancar de você, não a vida, mas o direito de discordar daquilo que ela estabeleceu. Não lhe tira a vida (fisicamente falando), mas extrai de você todo senso crítico que poderia exercer...
Diante disso, lhe pergunto qual das duas ditaduras seria pior?
Receio que seja a última. Pois, na primeira, ainda há a possibilidade de se alcançar as vidas com textos ou pensamentos, de forma que tais reflexos irão reverberar para sempre; ao passo que, na segunda, não se pensa, não se vive, não se questiona, e uma vida que não é questionada, não vale a pena ser vivida...