Pensando em linha reta
Tomando um copo d'água naquela manhã de domingo escura e fria, reli uns pensamentos de vidas passadas, em tempos passados, fatos vivenciados e cheguei à conclusão de que estava há um tempo, andando em circunferências sinuosas, elípticas, irregulares, por qualquer caminho, havia um ponto em comum entre o início e o fim. Coincidiam claramente o ponto de partida e o ponto de chegada, tanto que duvidei do que seria saída e o que seria encontro em mim.
Vi-me afogando naquele tão profundo copo cheio de pensamentos ininterruptos e caóticos que buscavam traduzir-me em algum idioma, forma ou cor. Parecia vã a tentativa de dissertar uma vida continuada, dando passos largos rumo ao infinito.
Me veio então a imagem de um livro, e suas páginas completavam uma circunferência - ou uma esfera, melhor dizendo -, o livro não abria nem fechava, era contínuo. Uma única página daquele livro pertencia ao início e ao fim, era o mesmo lugar, a mesma pátria.
Pude entender o quanto aquele livro me representava, e todas aquelas nuvens já não eram capazes de encobrir a luz e a beleza estontiante do sol que agora brilhava mais perto.