- Não me culpe
Pare de fazer morada em meu coração. Pare de me provocar sorrisos pelas lembranças, me deixa por aqui sem teu passos de recordação.
Estive procurando motivos para te odiar, dispensando qualquer maneira de te recordar, qualquer deslize que me fizesse voltar aos teus abraços. Estive procurando em vão, como portas que se fecham, mas não se trancam, como janelas entre-abertas, cortinas transparentes.
Feito poeta sem rimas, busquei em vão dominar esses rastros de sentimentos, como poemas sem finais, esperei que a história criasse o próprio desfecho com suas letras patenteadas.
Sou decepção quando se trata de te esquecer, de te transformar em silêncio, te retrair em músicas esquecidas. Sou farsa quando nego você para meus olhos, quando entro em guerra com meu coração [todas perdidas, é claro].
Quis te evitar e desconhecer que é parte da minha melhor parte. Quis te culpar, te fazer desculpa da minha parte pior, daquela que trago nos dedos. Tua aliança nunca permaneceu mais do que 24 horas. Eu quis te esquecer, te apagar, deixar de sentir cheiro de história antiga, mas nunca concluída. Apenas quis ! Quem dera se querer fosse poder. Quando não se diz o que quer dizer, quando não se concluí um "adeus", a história cria reticências que nos prende nos mesmos capítulos. Esquecer, seria necessário. Necessário seria conseguir tornar isso mais do que simples palavras em uma página de caderno. A caneta é a que mais sorri dessas injúrias, é a que mais consola um coração cheio de palavras por dizer, mas escondidas nas entre-linhas.
Eu vou te esquecer por mais um dia. Num tipo estranho de reabilitação da abstinência dos teus abraços, beijos e sorrisos.
Eu vou te esquecer, por mais umas horas...não sei até quando.
Que esse "até quando" se prolongue por mais uns minutos.