Até chegar lá
E até chegar lá meu caro, você vai enfrentar muitas coisas. Muitas mesmo. Você vai sorrir lágrimas, vai cantar saudades e chorar medos e incertezas. Vai ser ferido profunda e superficialmente. Vai precisar carregar algumas dores e saber conviver com elas. Vai precisar encarar tuas cicatrizes sem medo de cair em recaídas rotineiras. Vai cair, se ralar todo, conhecer o chão. Vai sangrar e enxergar a cor do sangue que em tuas veias percorre quente. Vai esperar calado, sem espaços para suspiros e soluços em tua fala embargada. Vai reapreender a andar, caminhar firme. Se acostumar a dar novamente passos certos nos lugares incertos. E se novamente no mesmo abismo caíres, mergulha. Mergulha fundo e eleva à tua boca um pouco destas águas. Te lava e molha tuas lágrimas ressecadas pelo sol. Embalsama tua alma, e aproveita para juntar os pedaços espalhados pelo chão. Embebeda este trapo estampado em teu peito mórbido em costura tracejada. Nada até que alguma coisa em tua vida faça sentido, ate encontrares tu, o teu lugar.