AMOR, PODER, RESSUSCITAÇÃO

NA MANHÃ DE 23 DE ABRIL DE 2013

Só se começa realmente a amar quando, no amor, se renuncia ao uso do poder. Só então. Por compreender isso, o tamanho desta Dor, porque tu nunca haverás de renunciar ao poder que tens sobre mim e - ah, Tristeza – não apenas sobre mim.

Nunca haverás de; no entanto, só pela esperança mínima de que ainda venhas a renunciar ao uso do teu poder é que consigo juntar-me os pedaços e alguma força, ainda, para poder prosseguir.

Sonho rever, ainda, o rosto que conheci, o rosto de um homem que tinha fé, esperança e ternura, o rosto de um homem que EU não matei. Um homem que, só pela possibilidade de ter sido eu a principal (nunca a única) responsável por sua morte, tenho vivido a vida peregrinando, eterna, mortalmente. De tantas mortes em mim, acho que já faço jus a algum perdão. E tu, à tua própria ressuscitação, à ressuscitação daquele homem que, junto com o legítimo indignar-se diante das injustiças, desmandos e horrores do mundo, era capaz de fé, de esperança, de ternura. Era capaz de ternura, de esperança, de fé.

*****************************************************