Faz falta

Um pai faz falta, se faz. Uma mãe faz falta, e como faz. Entretanto, muito mais falta faz uma sociedade que zele e preze por uma real inclusão social. Muito faz falta uma sociedade humana na qual o ideal maior seja a dignificação de todos e, na qual, todos tenham acesso a valorização de suas vidas e ao respeito mútuo. Um pai e uma mãe, não obstante a falta que possam fazer, na certeza de que nunca serão substituíveis se foram realmente pais e mães de verdade, são parcialmente substituíveis em uma criação digna e honrada, se a sociedade como um todo for digna e honrada. Onde faltar respeito à vida, consideração ao ser vivente, estima e valorização pela natureza e faltar real apreço pela dignificação social de todos, nem mesmo um pai e uma mãe talvez sejam suficientes.
 Uma sociedade onde não mais nos indignamos com o sofrimento alheio, na qual perdemos a vergonha de ver e de saber que semelhantes são expostos a degradação de sua própria humanidade está perdida em si mesmo, e não haverá pai e mãe que possam verdadeiramente ajudar. Um pai e uma mãe podem sempre buscar minimizar a dor de seus filhos, mas a exclusão e o abandono social não é páreo para simples pais. Um pai pode até ser pontualmente herói, mas nenhum pai ou mãe é super-herói, a exclusão e o abandono social corroem a autoestima e destroem, junto com a fome, a miséria, as doenças, as necessidades, a ignorância e o sofrimento, a dignidade humana.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 15/04/2013
Reeditado em 15/04/2013
Código do texto: T4242698
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