Liberdade e igualdade e poder
I
Liberdade é liberdade de errar: nenhum grupo tem o privilégio do desatino, e ninguém tem o direito de coagir qualquer pessoa a abandonar seus vícios, impondo a sua noção de perfeição.
Por imperfeito que seja, temos o dever de ser o que somos e, pela mesma razão, a obrigação de tolerarmos a manifestação da personalidade alheia.
O exercício da tolerância requer o equilíbrio de reciprocamente suportar circunstâncias que embora desagradem a uns amoldam-se a outros.
Qualquer admoestação em contrário é uma violência inadmissível e um atentado às liberdades individuais.
II
Liberdade de expressão é a liberdade de dizer o que incomoda, especialmente o que os poderosos não querem ouvir.
Desconfie de quem apela à liberdade de expressão para atacar quem se opõem e cobrir de elogios quem está no poder.
Aceitar a liberdade imposta é o primeiro passo para a submissão da escravidão; se a liberdade depender de algo ou alguém, simplesmente não é liberdade.
III
Não existe liberdade.
Somos todos condenados às leis da vida, o que não impede tomar a iniciativa para mudar o nosso destino.
E justamente por haver autonomia em um mundo de restrições é que somos livres.
O que não nos impede de respeitar certos limites, adequarmos à ordem e observar direitos e deveres.
Não existe disciplina.
IV
Não existe igualdade.
Somos todos diferentes, o que não nos impede de ser, ter, reconhecer, respeitar e valorizar nossas semelhanças.
E, justamente por haver semelhanças entre um mundo de desigualdades é que somos iguais.
O que não nos impede de ser, ter, reconhecer, respeitar e valorizar nossas diferenças.
Não existe diferença.
V
O contrário de poder é não poder.
Sergipe, fevereiro de 2013.