Textículo Descartável Num Sábado A Noite
Não vou mentir, estou triste, eu estou morrendo de tristeza sim, a Amélia tem razão quando diz que eu sou infeliz, que uma pessoa como eu, sem crenças, sem perspectivas está destinada à infelicidade. “Você nem time tem.”, diz mamãe quando estamos na mesa da cozinha, sob a luz esbranquiçada e fria. Eu também não amo, nem tenho sexualidade. Não me resta nem mais desejo, ou seja lá o que aquela febre significava. Eu me arrisco, eu vou até a beira do precipício, eu tento, eu juro que tento. Eu também tenho mentido muito, ele não sabe que meu nome não é Dionísio. Gosto de Pìazzola, mas Gardel é o que realmente me completa, tem a intensidade que me falta. “Você tem certeza de que quer excluir o aquivo ‘textos.’ permanentemente?” Não sei, já não tenho mais certezas. O que são certezas? Minha cabeça dói, como dói. Marteladas. Sinto que o relógio esteve bem próximo, eu pude ouvir outra vez o “tic tac” (e não era o do meu coração) se aproximar, tampei os ouvidos e assim fiquei por meses. Meses. Afastou-se, sim, mas ainda está aqui, posso ouvir, bem distante... Talvez na gaveta de meias em que deixei acumular dezenas de moedas, debaixo da cama, ou talvez até n