Dedução e realidade.
A dedução quando mal usada pode nos fazer tomar decisões erradas e que afetem seriamente nossas vidas. Hoje de manhã uma amiga minha chegou a uma conclusão sobre outra pessoa baseada numa simples "dedução preguiçosa". Ela disse que uma pessoa R teria parado de falar com ela somente porque esta tal pessoa R tinha muito contato com uma ex-amiga dela. Seu raciocínio partiu das "evidências" de que 3 vezes R teria passado por ela em lugares diferentes e "virado a cara" após vê-la. Como R tem contato com sua ex-amiga, ela concluiu por dedução que isto teria causado a tal "virada de cara".
Temos dois problemas aí e todos baseados no que chamamos de falta de hipóteses alternativas. O primeiro são as "evidências". Quando não supomos nenhuma alternativa para associar nossas evidências qualquer coisa pode ser evidência daquilo que já queremos acreditar. O segundo problema está no fato de que no mundo real vários eventos são possíveis de ocorrerem, cada um com maior ou menor probabilidade. Na "dedução preguiçosa" só consideramos o evento que queremos, sem alternativas para eliminar. Uma dedução realista seria tomar uma lista de causas mais prováveis e naturais (com certeza a conclusão dela faria parte desta lista) e fazer testes (abordagens, perguntas, entrevistas) procurando invalidá-las. A que sobrevivesse aos testes deveria ser aceita como a melhor causa possível. Se for impossível fazer testes com as hipóteses seria mais sensato aceitar a causa mais provável, mas nunca tomando uma posição dogmática. Aceitar o mais provável não é ter certesa absoluta.
Bom, cada um sabe da sua vida. Imagino eu que ela deve ter seus motivos, mesmo que emocionas, para tomar somente uma explicação como possível. Porém, acho que todos nós deveríamos ser mais sensatos, realistas e críticos com nossos pontos de vista. Quanto mais eles fugirem dos erros mais felizes seremos.