Finale
A solidão encontra um arco de luz reluzente, ogival, perpetua a beleza da quietude e as sombras que permanecem no ar, o redemoinho de angustias e pensamentos, flutuando como centelhas de vida, ou quem diga flechas de cupidos doentes espalhadas pelos ares.
Dramático é o som, o erudito, a exponencial doçura da vida, onde a terra e os homens, foram presenteados com tal formosura, sublimada as nuvens e o brilho da noite. Um píncaro de maestria, gotas douradas da existência, diluídas aos escuros passos do cotidiano, por obséquio de tentativas inúteis, promovendo uma chaga de injustiça ao fato consumado da falta compreensão, da cadência auditiva dos serafins.
Lesiona-te o sabor do vinho, adicione uma gota de azimute, caminhe pela soleira e estribes da vida, exumando seus sentimentos frios e consternados para a terra, exumar do ar para terra, ao corroborar um frenesi de escárnio e ira, a mente será o portal, da vida ou morte.
Se tens os dedos e pés cansados, de que te enobreces? Venturoso o rebanho tratado pelo pastor, imunda a pestilenta e miserável ganancia que em teus olhos brilham. Acharias miraculoso um esplendor ricochetear acima de tua tez?
Desatem os ombros, desfaçam os nós, deita-me no átrio, com véus brancos, flores mortas, e que meus olhos estejam cerrados, o rosto macilento seja como cartão de visita aos próximos, e que em meu esquife seja bonito.
- Marcos Leite
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