A pescadora
Entardecia, estava andando nas margens do rio Madeira, admirando a beleza do por do sol, olhando os botos que fazem travessuras como golfinhos. Quando deparei com uma senhora, velhinha, devia ter seus sessenta e cinco, setenta anos, estava acocada e empenhada na pescaria.
Enquanto isso, um garotinho corria puxando uma garrafinha de água amarrada com barbante, como se fosse um carrinho, me aproximei e vi uma mulher grávida, parecia estar de sete meses, com mais duas crianças pequenas. Seus olhos estavam perdidos na imensidão do rio como se procurasse respostas para os seus problemas.
O garotinho continuava correndo feliz com seu brinquedo, quando sua vó gritou: Tico, pega o peixe! Dizendo isso ela jogou o peixe, o garoto pegou a mochila, tirou de dentro uma sacola que ja tinha alguns peixes, e disse: vó, já da para o almoço de amanhã e para jantar. Ela disse: Ganhei uns pães e vou fazer uma garapa para vocês. O garoto falou: Vó, a mãe está chorando, vá lá e diga que ja vamos embora, ela está sentindo dor e não comeu nada hoje preocupada com o bebe que vai chegar.
Na minha memória, aquelas cenas ficaram gravadas. A mulher gravida, a velhinha pescando, o almoço do dia seguinte, o garotinho alegre com seu carrinho de mentira, alheio a tudo que acontece ao seu redor.
Isso não é ficção, é vida real.