MORTOS VIVOS

Acabo de receber uma referencia de conhecimento. O sentido do funcionamento do nosso sistema de aprendizagem. Chama-se sistema de referencias. Sem ele, não teríamos a capacidade de aprender as tarefas mais simples do dia a dia por exemplo. não seríamos capazes de abrir uma simples porta. O conhecimento sempre se apoia em outro conhecimento. Para construir, pensar, articular pensamentos sobre algo precisamos de uma referencia anterior sobre o objeto interpretado pela mente. Só aprendemos a dirigir se tivermos uma referencia anterior, onde nos apoiamos e cremos que isso é possível também para nós. Sendo assim, devo crer que minhas referencias de vida, de como devo interpretar meu universo, são como pilares onde minhas crenças e atitudes se apoiam. Nunca fiquei muito satisfeito com o meu sistema, afinal, sei que ele é faliu quando apresento questões em que não há referencia anterior. Dizem que o mais difícil em se quebrar num recorde é o fato de que não existe referencia passada sobre o feito pretendido; ninguém marcou a meta. Sendo assim, para fazer o que ninguém fez antes, devem-se produzir crenças criativas, logo que elas não precisam se apoiar em fatos passados para surgir. A criatividade é um reino desconhecido onde o passado e futuro são unos. Alfa e ômega num único ponto, pois não há pilares para se apoiarem. Então minhas crenças a respeito da morte devem ser mudadas para que eu possa me proteger de suas mazelas. O desconhecido não me oferece referencia, não se sabe o que a morte é ate conhece-la pessoalmente, aí é o grande problema que muitos enfrentam, uma falsa crença nasce. Exatamente quando tentamos explicar o inexplicável. Assim como uma doença que agride o corpo, também é o conhecimento feito com base em referencias fantasmas, por que fantasmas não existem, são seres ilusórios. Ainda sabendo disso, existe uma tristeza profunda quando alguém vê uma pessoa amada partir; por que mesmo tendo referencia de que a dor consome a si própria no tempo, ainda temos esse momento em que questionamos os pilares da própria vida. Por que nascemos? Nascemos por que nascemos, ou há uma referencia para isso também? Nisso os amantes se parecem com os mortos, pois sabem que já fizeram a viagem rumo a um mundo desconhecido. Só que nesse caso, mundo dos apaixonados. Tão imprevisível e maravilhoso quanto às chuvas da minha cidade. Minhas referencias sobre isso ganham ótimos e criativos pilares, mas apenas pilares, pois não mais acredito que meu ceticismo morrerá a respeito do amor conjugal.

Porque isso é somente para os atletas sonhadores, que tentam através da criatividade que uma vida cheia de amor pode oferecer, criar castelos sobre os mais frágeis pilares que já existiu. Frágeis porque devem ser belos, e belos por que podem sucumbir na próxima respiração. Porque nos aproxima da realidade mortal que tentamos evitar. Que os mais belos castelos continuem a existir então, para que minha vista seja mais rica de significado, nesse mundo tão dominado pelas doenças que apodrecem a alma, Pelas falsas crenças e referencias fantasmas, que transformaram esse lugar num grande e triste cemitério de mortos vivos.

Tesla da escrita
Enviado por Tesla da escrita em 31/03/2013
Reeditado em 31/03/2013
Código do texto: T4217370
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.