Alzheimer

Tenho grande dificuldade em conviver com perdas. Ver uma pessoa amada, ativa, inteligente, sociável, passar a viver quase como um vegetal é de uma amargura sem fim. É perder um ente querido em vida. Uma pessoa ainda saudável e jovem para os padrões atuais, incapaz de usufruir das suas conquistas e paixões, impossibilitada de tomar conta de si própria e visivelmente perdida entre membros de sua própria família. Filhos e netos são pessoas ora meramente conhecidas, ora totalmente estranhas. Passado e presente se confundem.

O que realmente lhe passa pela mente ninguém sabe. Até que ponto compreende seu próprio estado? E quem a compreende?

Impaciência por vezes sobe à cabeça dos mais próximos. Me entristece.

Assim como me entristece a dor desses que amam e cuidam e que por vezes não se aguentam. Sofrem tanto quanto, ou mais! - pois não esquecem.

Lina Cohen
Enviado por Lina Cohen em 30/03/2013
Reeditado em 30/03/2013
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